Antes de responder sim ou não à pergunta acima, saiba que praticamente todos os smartphones à venda no Brasil ou são fabricados na China ou têm seus principais componentes produzidos lá. Marcas consagradas no mercado nacional como Apple, Motorola, Samsung e LG dependem de fábricas na China para abastecer o mercado global. A pergunta, portanto, é se você compraria um smartphone de marca chinesa, como Xiaomi, Oppo, Vivo (não confundir com a operadora de telefonia) e OnePlus. Nunca ouviu falar? Então, para facilitar a resposta, é bom ter em mente que o histórico dessas marcas no Brasil é ruim. As que tentaram se instalar aqui não tiveram êxito. Mas todas elas vendem seus produtos mundo afora por sites como Ali Express e Gearbest, alguns deles já em português, para facilitar a vida do consumidor brasileiro. A importação é totalmente legalizada, bastando recolher o imposto estipulado pela Receita Federal, fixado em 60% sobre o valor do produto, a ser pago em dinheiro na agência dos Correios onde for feita a entrega pela loja virtual. Ainda com essa altíssima taxa, a compra pode ser vantajosa, ao menos financeiramente.

Isso porque, em vez de se tornarem mais acessíveis, os novos smartphones estão custando cada vez mais. Superando qualquer aspecto técnico, foi o preço do iPhone X que chamou atenção no evento de lançamento realizado em 12 de setembro. O valor de US$ 999 cria um patamar praticamente inédito no mercado americano (apenas o recém-lançado Galaxy Note 8, da Samsung, custa mais de US$ 1 mil nos EUA). No Brasil, onde o iPhone X ainda não tem preço definido, o histórico de produtos da Apple permite fazer alguns cálculos estimativos. Por aqui o consumidor paga cerca de 80% a mais por um iPhone em relação aos EUA. Por tanto, o modelo X deverá chegar ao Brasil por cerca de R$ 6 mil. A Apple ainda não divulgou a data de lançamento no Brasil, mas nos últimos anos os iPhones têm sido lançados antes do Natal. Até lá dá para cotar e receber em casa um aparelho chinês equivalente — por um terço do valor ou menos (leia no quadro ao lado alguns modelos equivalentes ao novo iPhone). É bom saber que a entrega não é automática. Produtos importados diretamente podem demorar até três meses para serem entregues, devido ao processo de fiscalização da Receita Federal.

Sucesso local

A ideia de que um aparelho chinês tem necessariamente menos qualidade que um equivalente norte-americano também costuma pesar negativamente nas decisões de compra. É bom lembrar que a própria Apple não tem fábricas. Ela desenvolve o produto, mas terceiriza sua produção para empresas como a Foxconn, na China. Mesmo os celulares fabricados no Brasil são na realidade apenas montados aqui, já que os principais componentes, como processadores e chips de memória RAM, são chineses.

Ainda desconhecidas da maioria dos brasileiros, as marcas chinesas oferecem smartphones com a mesma tecnologia de ponta empregada nos rivais norte-americanos e sul-coreanos. Famosa por sua vocação histórica para copiar produtos de tecnologia desenvolvida em outros países e conseguir reduzir seu custo de fabricação devido à escala de produção e à mão de obra barata, a China hoje abastece o próprio mercado de smartphones com produtos avançados. E tem até sua versão de Steve Jobs: Lei Jun, fundador da Xiaomi, hoje com patrimônio líquido de US$ 6,8 bilhões. Ele ficou conhecido por lançar seus produtos em apresentações que copiam em detalhes o estilo consagrado por Jobs e ainda hoje em uso na Apple.