As imagens invadiram as redes sociais, deixando um rastro de terror no Brasil: uma adolescente desacordada e nua com seus agressores rindo depois de ela ter sido estuprada por 30 homens no Rio de Janeiro.

Um internauta identificado como “Michel” foi o primeiro a compartilhar o vídeo, que também mostrava detalhes íntimos do corpo da jovem de 16 anos, acompanhado por mensagens dizendo que a menina havia sido “amassada”. “Essa aqui, mais de 30 engravidou (sic)”, foi outra das frases que acompanhavam o vídeo.

O material viralizou nas redes sociais e provocou fortes reações, enquanto a polícia civil disse ter identificado quatro suspeitos de envolvimento no ataque, que ocorreu em 21 de maio em uma comunidade na zona oeste do Rio, a pouco mais de dois meses dos Jogos Olímpicos.

A jovem recebeu tratamento médico para prevenir doenças sexualmente transmissíveis e se recuperar dos ferimentos.

“Repudio com a mais absoluta veemência o estupro da adolescente no Rio de Janeiro. É um absurdo que em pleno século 21 tenhamos que conviver com crimes bárbaros como esse”, escreveu no Twitter o presidente interino Michel Temer.

“Mais uma vez reafirmo meu repúdio à violência contra as mulheres. Precisamos combater, denunciar e punir este crime”, escreveu, por sua vez, a presidente Dilma Rousseff.

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A divulgação do vídeo gerou uma onda de rejeição nas redes sociais, sob slogans como “Pelo fim à cultura do estupro”. Para esta sexta-feira à noite está sendo organizado um protesto no centro do Rio.

O caso não é isolado no Brasil. Em uma nota publicada na quinta-feira à noite, a ONU Mulheres repudiou o crime e observou que outro caso semelhante ocorreu recentemente no Piauí, com uma jovem de 17 anos que foi drogada e estuprada por cinco homens.

Luise Bello, porta-voz da ONG feminista Think Olga, disse à AFP que “este caso não foge à norma, porque a cultura do estupro é muito forte no Brasil, faz parte do nosso dia-a-dia, mesmo que se negue”.

De acordo com dados compilados pela ONG Fórum de Segurança Pública, em 2014 a polícia brasileira relatou uma agressão sexual a cada 11 minutos no país.

De acordo com estes mesmos dados, apenas 10% dos casos são denunciados às autoridades, e os investigadores estimam que o número real de violações no Brasil pode ser superior a 500.000 por ano.

A questão tem sido debatida desde que o vídeo foi postado na quarta-feira. Ao mesmo tempo, os internautas criticaram fortemente esta semana o fato de o ator de filmes pornô Alexandre Frota, que há algum tempo se gabou de ter violentado uma mulher, ser recebido pelo governo interino no Ministério da Educação.

Muitos também lembraram o episódio de 2014 entre o polêmico deputado direitista Jair Bolsonaro com a deputada Maria do Rosário (PT-RS), a quem disse que não estupraria “porque não merece”.

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