“Oh, meu Deus! Oh, meu Deus”, grita com uma voz desesperada uma jovem de cabelos pretos em meio a uma multidão silenciosa. Muitos moradores de Munique se recolheram neste sábado (23) em uma atmosfera de dor no local que comoveu toda a Alemanha.

Na entrada do shopping próximo ao estádio dos Jogos Olímpicos de 1972 e nos locais onde, na sexta-feira (22), pairou o terror causado pelo jovem germano-iraniano de 18 anos, David Ali Sonboly, as flores e as velas se acumulam em homenagem às nove pessoas mortas por ele.

No meio do silêncio, uma jovem desolada, amparada por parentes, deixa escapar um sinal de dor e cai nas escadas que levam ao shopping. Pedestres e moradores permanecem petrificados.

Um homem de quarenta anos, nesse mesmo momento, começa a chorar nos braços de sua amiga. Nos rostos, muitas lágrimas.

“Estamos todos muito abalados. Vivemos nesse bairro, as crianças costumam vir fazer suas compras aqui. Para nós é um lugar muito familiar”, confessa Alexa Gattinger, de 43 anos, com seus três filhos a seu lado.

Georg Schäfer, de 39 anos, também é assíduo no local. “Queria estar aqui, mostrar meu apoio. Muitos jovens morreram por causa de um louco. Temos que nos reunir, ficar juntos”, assegura.

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O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, com o rosto cansado, também foi a Munique para mostrar o “apoio do governo, dos alemães (…) aos pais que choram por seus filhos, ao jovens que choram por seus amigos de escola”.

Será preciso transformar o estilo de vida? “É muito cedo para tirar conclusões”, afirma. Mas há que desconfiar dos “enfurecidos discursos de ódio”, há que se questionar esses “estes vídeo-games violentos” que os jovens adoram, indicou em referência a uma das paixões do jovem assassino.

“Warum?”

Um pouco mais longe, na entrada do metrô, as flores são vistas aos montes. “So sorry” (“Tão triste”), pode ser visto em umas das velas. “Warum?” (“Por que?”), pergunta uma mensagem anônima.

Logo ao lado, Amir Najjarzadeh, um vigia de origem afegã, se encontra ainda comovido pelo o que viveu no dia anterior. Ele trabalha a alguns metros do local do ataque, em outro shopping.

“Pensei: ‘Já era, está como em Paris'”, recorda, fazendo alusão aos atentados de novembro de 2015, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) e que custaram a vida de 130 pessoas em restaurantes e em uma casa de shows na capital francesa.

“Vi muita gente correndo até nós, abrigando-se em nosso shopping. Fechei a porta, ajudei um determinado número de pessoas a sair por outra porta e uns 100 ou 150 a se refugiarem no subsolo”, explica.

Uma vez de novo no térreo, a polícia coloca-o no chão antes de deixá-lo livre, enquanto buscavam sua identidade. “Desde então não dormi, tudo isso me perturba”, confessa o vigia, ainda estremecido.


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