Política
Vaias nas veias

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As vaias que vem amarelando o sorriso de Michel Temer em suas aparições públicas vão aumentar.Entre outras razões, porque são mais ecumênicas e menos trabalhosas que os protestos de rua.Mesmo quando o presidente não se encontra, elas têm marcado presença em estádios, shows e eventos de distintas naturezas. Como se diz, a coisa “viralizou”. Muito já se está discutindo a respeito no Planalto. Afinal, o que fazer? Temer, no seu melhor estilo e talvez única alternativa, continuará exibindo a habitual cara de paisagem. No Ministério e no Congresso, os escudeiros palacianos oscilarão entre platitudes (Moreira Franco: “continuaremos pacificando o País”), menosprezo (Eliseu Padilha: “eram apenas 18 pessoas entre 18 mil”) e diversionismo (Henrique Meirelles: “não alteram a condução do ajuste econômico”). No corner oposto, os oposicionistas também cravam seus diagnósticos, enxergando nos apupos o inicio de uma rebelião nacional que derrubará o novo governo. Também sustentam, como Lindbergh Farias, que tais reações expressam o “inconformismo da população diante do golpe”.

Seria interessante contratar uma pesquisa para saber o que dizem os vaiadores. Talvez se descubra que os dois lados da pizza perderam o ponto.

A tal pesquisa quiçá constate que as vaias são contra os políticos em geral e contra tudo que eles fazem com a nossa pátria amada. Quem sabe a sondagem também descubra que as vaias de hoje não têm conexão com a briga de quadrilhas partidárias que se engalfinharam no impeachment, mas, sim, com as apartidárias manifestações de massa de 2013. Pode ser que as vaias expressem nada mais que o desejo, este sim unânime, de que os políticos parem de ser o que são e de fazer o que fazem do Brasil. Que, glória das glórias,  se inspirem nos homens públicos daqueles paraísos que chamamos de “sociedades avançadas”.

O que de melhor pode acontecer é Temer serenar os espíritos, seu e dos aliados, diante dessa e de outras antipatias populares. Ao invés de armar discursos, factoides e campanhas no estilo “Ame-o ou deixe-o”, o presidente deve encarar as vaias como (para usar expressão ao seu estilo) “pressão colaborativa”, de contribuintes cansados de esperar por governos que, enfim, façam o que é preciso.

Litígios
Em busca da paz
Com os tribunais cada vez mais abarrotados de processos, especialistas debaterão se é viável no Brasil criar um órgão com representantes de instituições privadas e públicas para eliminar conflitos judiciais, principalmente de disputas bancárias. Lá fora, o modelo é conhecido como “ombudsman”. Palco da reunião a partir da segunda-feira 12, só o STJ recebe 350 mil novas ações por ano. Tem ministro que se aposenta sem nunca ter limpado sua pauta de julgamentos.

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Eleições 2016
Raspa do tacho
As novas regras eleitorais trouxeram tantas dificuldades aos candidatos para arrecadar recursos que já são muitos os casos de produtoras de TV e marqueteiros que nada receberam até agora – ou com crescente volume de pagamentos atrasados. Aliás, o calote fez com que algumas empresas deixassem de fazer programas gravados aos comitês políticos dos clientes. O problema tende a se agravar até 3 de outubro, quando os brasileiros irão às urnas.

Lava Jato
Penca de réus

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A Sexta Turma do STJ está prestes a julgar os habeas corpus dos empresários Eduardo Freire Bezerra Leite e João Lyra, presos na Operação Turbulência da Polícia Federal. Quem acompanha as investigações sobre o crime de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 600 milhões em Pernambuco diz que outros empresários serão processados. Além de políticos atuantes nas campanhas de Eduardo Campos em 2010 (governador) e 2014 (Presidência da República). Aliás, o falecido candidato teria se beneficiado de dinheiro desviado das obras super faturadas na refinaria Abreu e Lima, da Petrobras.

Ministério Público Federal
Outros tempos
A nomeação do subprocurador José Bonifácio Borges de Andrada para a vice-procuradoria-geral da República, na quinta-feira 8, está sendo interpretada por muitos como guinada de Rodrigo Janot para a direita. O escolhido foi procurador-geral do governo Aécio Neves em Minas Gerais e esteve à frente da AGU, na gestão FHC. Andrada sucede Ela Wiecko, exonerada após vazarem imagens dela num ato contra o impeachment, em Portugal. Do staff de Janot também saiu o ex-ministro da Justiça no governo petista de Dilma Rousseff, Eugênio Aragão.

Planalto
Na cabeça
Há mais de uma década trabalhando com Michel Temer, Elsinho Mouco vem dando cada vez mais as cartas na área de comunicação do Planalto. Ao seu lado, também atua o marqueteiro Antônio Lavareda, dono de duas agências de propaganda e dois institutos de pesquisa. Talvez alguma de suas empresas venha ser escolhida para atender a conta da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, na concorrência que será aberta em breve.

Esportes
Desvio na rede

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Deve ter sido repentina a decisão de Marcus Vinicius Freire de deixar a direção executiva do COB. Dez dias antes do anúncio, em conversa com a Coluna, ele tinha negado a possibilidade. “Saio de férias e, na volta, iniciaremos o planejamento dos próximos quatro anos”. Segundo a mesma fonte da notícia original, o “desgaste total” nas relações com Carlos Nuzman melou o sonho de Freire.

Brasil
Dentro ou fora
Chamados a ocupar cargos chaves na administração Michel Temer, vários titulares de funções de confiança têm ainda vínculos com o setor privado. A situação envolve empresários, consultores e advogados. A situação colide com o Código de Conduta da Alta Administração Federal. Por isso será discutida na próxima reunião da Comissão de Ética da Presidência da República, dia 26, em Brasília. Um pé dentro e um pé fora não é possível.

Abastecimento
Calote oficial

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Sempre às turras com a Sabesp, três cidades da Grande São Paulo têm algo em comum: Guarulhos, Mauá e Santo André não pagam pela água tratada que recebem no atacado para distribuir no varejo. Uma solução é cortar o fornecimento, mas a população será prejudicada. E mais: quando se compara os períodos pós e pré crise hídrica, o volume de água produzido pela Sabesp caiu 17%. Na área da Samasa (Santo André) 14%. A redução é porque o consumidor evita o desperdício – mas no caso da Sabesp também por investimentos contra vazamentos na rede.

Rio 2016
Sem marola

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No Rio de Janeiro, barcos tops de linha que disputaram a classe Laser não voltam ao país de origem e estão sendo negociados por R$ 33 mil, segundo velejadores. Até onde se sabe a transação é feita ao arrepio da lei.

Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem; Edson Lopes Jr/A2AD