“Nosso Garotinho até tentou fazer o programa para você, mas a voz foi embora”. Enquanto o apresentador Cristiano Santos, da Rádio Tupi, do Rio, tentava explicar na última quarta-feira 13 por qual motivo Anthony Garotinho tinha saído abruptamente do ar, o ex-governador do Rio de Janeiro era preso novamente pela Polícia Federal dentro do estúdio da emissora. Para a Justiça, Garotinho é suspeito de intimidar testemunhas e destruir provas em um processo que envolve compra de votos para a reeleição de sua mulher Rosinha Garotinho como prefeita de Campos.

Garotinho, que já tinha sido condenado em primeira instância à prisão por corrupção eleitoral e associação criminosa, recorria em liberdade e apresentava diariamente o programa na Rádio Tupi. Mas a atividade do ex-governador não se limitou a isso. Ele continuou cometendo crimes e foi obrigado a voltar ao regime fechado, que será cumprido na casa que possui em Campos, a 270 km do Rio. O ex-governador, agora de tornozeleira eletrônica, é acusado de dar um prejuízo de R$ 11 milhões aos cofres públicos da cidade do interior fluminense.

Não é a primeira vez que ele vai preso. Em novembro de 2016, Garotinho protagonizou uma cena inesquecível após ter a prisão decretada. Alegando problemas cardíacos, foi levado ao hospital e quando seria transferido para um presídio fez um escândalo dentro da ambulância. A filha dele, a deputada federal Clarissa Garotinho, gritava que o pai não era bandido. À época, o ex-governador disse que temia ir para Bangu por causa dos traficantes que ajudou a prender quando era governador. Dias depois, o TSE revogou a prisão.

Ele não é o único a se dar mal no Rio. No ano passado, um dia após Garotinho, foi a vez de Sérgio Cabral Filho (PMDB) ser preso. Atualmente como detento do Complexo Prisional de Benfica, Cabral já responde a mais processos do que muitos traficantes do Rio. O ex-governador foi condenado pelo juiz Sérgio Moro e ainda responde por mais 14 processos. A mulher dele, Adriana Ancelmo, também foi presa por causa do esquema e cumpre prisão domiciliar.

A FILA AUMENTA O governador Luiz Pezão (PMDB) responde a inquérito no STJ por ter sido delatado pela Odebrecht (Crédito:Fernando Frazão/Agência Brasil)

O atual governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), é outro que não escapou das garras da PF. Pezão apareceu na delação de ex-diretores da Odebrecht e, na semana passada, a Procuradoria-Geral da República fez um pedido de abertura de inquérito contra ele ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O governador teria recebido propina da empreiteira.

Outras ilustres autoridades do Rio também estão envolvidas em corrupção e estão na cadeia, como é o caso do ex-deputado Eduardo Cunha e do ex-bilionário Eike Batista, em prisão domiciliar. Com tantos escândalos, não é a toa que o Rio de Janeiro amarga dias tão difíceis.

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Ficha corrida de Garotinho

Em setembro deste ano, o ex-governador Garotinho foi condenado a 9 anos e 11 meses de prisão na Operação Chequinho, por comprar votos para sua mulher Rosinha Garotinho se reeleger prefeita de Campos. Está cumprindo a pena em prisão domiciliar.

Foi condenado a dois anos e oito meses de prisão em maio de 2016 por ofender o juiz federal Marcelo Leonardo Tavares. A pena foi substituída por uma multa e prestação de serviços à comunidade

Recebeu a sentença de dois anos e meio de prisão na Operação Gladiador por usar a Polícia Civil do Rio de Janeiro quando era secretário de Segurança Pública, para favorecer uma máfia de caça-níqueis. A sentença saiu em 2010. Recorre em liberdade


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