A produção de maconha sob tutela do Estado no Uruguai não será suficiente para atender à demanda uma vez que a planta comece a ser comercializada para o público, afirmou nesta terça-feira um alto funcionário do governo.

Existe uma “coincidência relativa entre a quantidade de farmácias que manifestaram vontade de vender maconha e a capacidade produtiva que têm hoje as empresas” que produzem para o Estado, disse o coordenador de gabinete da Presidência, Juan Andrés Roballo.

“Isso vai ir mudando” à medida que se implemente o sistema de venda regulada no Uruguai e se conheça com exatidão a demanda que haverá dos consumidores, afirmou Roballo em declarações ao canal 4 da televisão local.

“O que sim é certo é que a produção não cobre a demanda que teoricamente existe com base nas pesquisas”, disse. Estes números marcam “uma demanda muito maior que não vai ser coberta com esta via”, acrescentou Roballo.

O governo uruguaio se prepara para iniciar o registro de consumidores de cannabis que poderão ter acesso a 40 gramas de maconha por mês através da compra em farmácias, em função de uma lei aprovada em 2013.

Ainda não há data definida para iniciar esse processo de registro, sem o qual é impossível calcular a demanda.

No marco desta iniciativa inédita, empresas privadas que passaram por um processo de seleção aberto produzem maconha em instalações em prédios públicos sob vigilância estatal, para sua posterior distribuição em farmácias.

A lei autoriza também a produção para autoconsumo à razão de seis plantas por residência, assim como a produção coletiva em clubes de cultivadores. Estes dois mecanismos previstos na norma já funcionam plenamente, e só resta estruturar a venda ao público em farmácias.

“A implementação desta primeira etapa vai nos dar elementos necessários para poder trabalhar o projeto em maior escala”, concluiu Roballo.