Ribeirão Preto, 23 – A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou nesta quarta-feira, 23, nota na qual avalia que a decisão da Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de aumentar de zero para 20% a tarifa do etanol importado “trará maior equilíbrio ao setor sucroenergético, que vem sentindo um significativo impacto em decorrência do aumento de importação do biocombustível nos últimos meses”. A tarifa proposta pela Camex é para volumes que excederem a cota de 600 milhões de litros de etanol ao ano e respeitando o limite de 150 milhões de litros por trimestre.

A medida de cotas trimestrais foi adotada porque o limite de 600 milhões de importação de etanol em 2017 já foi superado e a tarifa, caso fosse considerado o ano civil, seria sobre todo o volume comprado a partir da decisão de hoje. Somente entre janeiro e julho deste ano o Brasil importou 1,35 bilhão de litros de etanol, com a disparada da oferta do combustível dos Estados Unidos, maior produtor mundial, que utiliza o milho como matéria-prima.

“Essa medida ajuda a reduzir a falta de isonomia entre as regras de comercialização do etanol nacional e do importado, reduz os impactos ambientais, uma vez que o etanol de cana tem um desempenho ambiental superior ao etanol importado de milho, e contribui para manter os benefícios econômicos a toda a cadeia, que gera quase um milhão de empregos em 30% dos municípios brasileiros”, relatou a Unica.

No entanto, a entidade salientou que a decisão atende ao pleito imediato dos produtores, “mas não resolve os problemas que o setor vem enfrentando há anos, pela falta de políticas públicas estruturantes com regras consistentes, claras e de longo prazo, que garantam estabilidade para a produção e consumo e que permitam um novo ciclo de investimentos”. Esse ciclo de investimentos viria, na avaliação da Unica, com o programa RenovaBio, “que deverá ser objeto de uma medida provisória, atualmente em análise na Casa Civil”, concluiu.