Os governos federal, estadual e municipal prometeram melhorias das condições das aldeias guaranis no Jaraguá, em São Paulo, após serem questionados sobre os problemas apontados pela tribo. Ressaltaram, porém, que já são desenvolvidas políticas específicas para o grupo.

A Secretaria Municipal da Saúde disse que a Unidade Básica de Saúde (UBS) do local adota o modelo de Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, que conta com agente indígena de saúde e de saneamento e, portanto, “está devidamente capacitada para atender a singularidades da população do local”. A unidade, afirmou a pasta, tem consultas médicas, de enfermagem e odontológicas, além de exames e distribuição de remédios. Informou ainda que promove grupos educativos sobre temas como planejamento familiar e controle de animais.

Sobre os cães e gatos abandonados, a pasta disse que a Divisão de Zoonoses desenvolve ações de rotina, com atividades educativas, vacinação, castração e microchipagem de animais, além de mutirões. Em relação à bebê Samantha, a secretaria afirmou que o hospital “prestou toda a assistência médica necessária”.

A Secretaria Estadual da Educação (SEE) afirmou ter elaborado projeto de ampliação do colégio da aldeia, mas disse que a comunidade indígena recusou a obra e pediu, em vez disso, uma nova construção. “O projeto, então, está sendo refeito do zero e consta do plano de obras da pasta”. Além disso, disse a SEE, é necessário aguardar as questões técnicas da regularização das terras.

Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) todas as habitações têm fornecimento de água e 96%, coleta e tratamento de esgoto, assim como banheiros comunitários. Problemas nesses espaços, como entupimentos, são de responsabilidade do Ministério da Saúde. Este, por sua vez, informou que prevê, ainda para 2017, investir em obra de sistema de abastecimento de água, já em processo de licitação, e reforma de banheiros.

À margem

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Pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios, da Universidade de São Paulo (USP), Fábio Nogueira da Silva diz que os problemas de reconhecimento do território atrapalham ações do poder público no local. “Os guaranis sempre sofreram preconceito por alguns grupos considerá-los aculturados, o que é dupla penalização. Ao longo da história, foi exigido deles não serem indígenas e que se ‘integrassem’. Agora nós, não indígenas, dizemos que eles já não se parecem mais com índios. Uma crueldade sem tamanho”, afirma Silva.

Para especialistas, o confinamento em local muito pequeno também contribui para a ociosidade dos índios.

Voluntários

Com dificuldade de acesso a serviços públicos de qualidade e baixa renda, os índios do Jaraguá recebem ajuda de diferentes grupos de voluntários. A ONG internacional Teto foi a responsável por ajudar a construir dezenas de casas de madeira na tribo. Antes, essas moradias eram de lona ou tábuas improvisadas.

Na parte de saneamento, doações permitiram aos índios iniciar, há um mês, a construção de um banheiro seco e fossas ecológicas. Já a escola estadual da aldeia recebe, uma vez por semana, alunos do colégio Santa Cruz, que atuam como voluntários nas salas de aula das crianças indígenas. “Nosso 8º ano vem para cá desenvolver atividades mais lúdicas, como contação de histórias. É uma troca cultural”, explica Alessandra Bautista da Costa, professora do colégio que acompanha os estudantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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