Spike Lee veio para uma conversa no Pavilhão Americano. Manifestou sua preocupação pelos rumos dos EUA de Donald Trump. “Estamos retrocedendo 100 anos”, disse. Costa-Gavras também veio para uma masterclass nesta quarta-feira, 24. Está preocupado com o estado do mundo. “Nos anos 1970, com todas aquelas ditaduras, e não só na América do Sul, havia interesse por um cinema político, engajado. Hoje, parece que as pessoas não querem ver as coisas diante de suas caras. Há um apelo à alienação. E o resultado é esse avanço da direita e de uma política envergonhada. Os caras se elegem dizendo que não são políticos. Como é possível?”

Por falar em políticos, da Argentina, em Un Certain Regard, veio um filme forte de Santiago Mitre. Em La Cordillera, Ricardo Darín encarna o presidente argentino, que participa de uma cúpula de chefes de Estado nos Andes. E ele tem de tomar duas decisões importantes, que poderão mudar sua vida e a do país – uma crise familiar e outra que envolve sua base de apoio.

Todo dia, em Cannes Classics renovam-se os títulos de obras restauradas que pertencem à história do cinema. Ontem, foi a vez de La Bataille du Rail, de René Clément. Em 1946, logo após a 2ª Guerra, o diretor reconstitui a luta dos ferroviários que se uniram à resistência, praticando atentados para impedir a circulação de trens na França ocupada pelos nazistas. Eram outros tempos, e hoje o terror possui outra dimensão.

Como evento do 70º festival, David Lynch mostrou, também ontem, Twin Peaks, a pré-estreia da 3ª temporada. O que ainda precisamos saber sobre Laura Palmer? Será preciso voltar a Lynch, que retoma a tradição surrealista e sobrenatural do mistério de Twin Peaks. Com 18 episódios, será mostrada nos EUA pelo canal Showtime.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.