Pegou mal a decisão do Ministério Público do Rio Grande do Sul de processar pais de vítimas da tragédia da Boate Kiss. Após ISTOÉ publicar o absurdo da situação que ocorria em Santa Maria, o MP protocolou o pedido de absolvição dos pais Sérgio da Silva, Flávio Silva e Paulo Carvalho, processados por calúnia e difamação pelos promotores de Justiça Ricardo Lozza, Joel Oliveira Dutra e Maurício Trevisan. Os promotores ficaram ofendidos com textos e cartazes divulgados pelos pais afirmando que o MP tinha conhecimento das irregularidades na casa noturna e também era culpado pela tragédia. Os promotores disseram já ter conseguido o objetivo proposto com as ações: “fazer cessar as agressões e demonstrar a sua correta atuação em todos os processos”. Em nota, o subprocurador-geral de Justiça, Marcelo Dornelles, tentou encerrar o assunto ao declarar que o episódio dos processos “precisa ser uma página virada, pois o interesse da Instituição sempre foi concentrar esforços na punição dos verdadeiros culpados”.

“Eles nem conseguiram provar que eu cometi um crime. Não engulo essa decisão” Sérgio da Silva, pai de uma vítima que foi processado pelo MP (Crédito:Divulgação)

Intimidação

Para os pais, que de vítimas passaram a réus por reclamarem da impunidade, a página não vai virar assim tão facilmente. “Absolvido? Eles nem conseguiram provar que eu cometi um crime, não engulo essa decisão”, desabafou Sérgio da Silva. Outro pai, Flávio José da Silva classificou o conteúdo da petição dos promotores como absurdo. “Eles não perdem a arrogância e a prepotência. Querem sempre sair por cima até quando estão errados”, comentou. Paulo Carvalho vai além. “Ao reconhecerem que conseguiram o que queriam, ou seja, nos manterem calados, eles mostram que estão realmente nos intimidando”, concluiu.