O clube masculino mais fechado do mundo, a Igreja Católica, está começando a abrir suas pesadas e imponentes portas para as mulheres. Graças ao papa Francisco. Pela primeira vez, os Museus do Vaticano, uma das heranças culturais mais importantes da humanidade e, por consequência, da Santa Sé, terá uma diretora feminina. É o mais alto cargo assumido por uma mulher na história da instituição. O pontífice argentino escolheu Barbara Jatta, 54 anos, para essa missão. A executiva estará à frente do complexo, que inclui 54 galerias com obras de arte desde Vincent van Gogh aos antigos romanos e egípcios e a insuperável Capela Sistina, com afrescos de Michelangelo, local onde são escolhidos os papas – por um colégio de cardeais formado somente por homens.

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A diretora Barbara Jatta

A historiadora de arte Barbara, que não é religiosa, começou a trabalhar no Vaticano em 1996. E alcançou esse cargo, um dos mais poderosos do mundo da arte e que a coloca na esfera de poder da Praça de São Pedro, após trilhar uma carreira de especialista em gráficos com diplomas em literatura e administração de arquivos. Antes atuando na Biblioteca do Vaticano, ela foi promovida do departamento de impressão para o de vice-diretora. Para se ter uma ideia da importância do cargo que ela está assumindo, a nova diretora sucede o italiano Antonio Paolucci, especialista em história da arte e antigo ministro da cultura italiano.

Os Museus do Vaticano datam do século XVI e começaram como uma pequena coleção privada de esculturas que pertenciam ao papa Júlio II (no poder de 1503 a 1513). Eles ficavam no chamado “Pátio das Estátuas do Belbedere”, hoje “Pátio Octogonal”. Na sua forma atual, são um conjunto de monumentos, galerias e palácios pontifícios que começaram a ser construídos no século XVIII, a partir dos pontificados de Clemente XIV e Pio VI e recebem milhões de visitantes todos os anos.

A vez delas?

A escolha de Barbara Jatta para um alto posto no Vaticano não é o primeiro passo de Francisco para tirar as mulheres da periferia da Igreja Católica. No ano passado, o papa argentino criou uma comissão em Roma para analisar o papel delas na hierarquia cristã. Um dos principais objetivos era permitir que as leigas pudessem exercer a função de diaconisas – clérigos ordenados que podem realizar batismos, extrema unções e casamentos, mas não podem celebrar missas e confissões. A comissão ainda debate o tema.

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