A estrutura do sindicalismo brasileiro vai ganhar uma nova forma até o segundo semestre de 2017. É o prazo que líderes da Força Sindical e da União Geral dos Trabalhadores (UGT) estipularam para formalizar a fusão entre a segunda e a terceira maiores centrais sindicais brasileiras. A nova entidade será a principal representação de trabalhadores do País à frente de 2.892 sindicatos, 26,47% de todos. O movimento costurado pelo deputado federal Paulinho da Força e pelo presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, conta com a simpatia de políticos favoráveis ao impeachment. É um duro golpe contra a Central Única dos Trabalhadores (CUT). A organização, ligada ao PT, perderá a liderança nas ruas e correrá o risco de sofrer queda na arrecadação do imposto sindical no momento em que seus quadros estão sendo desalojados do governo federal após o afastamento de Dilma Rousseff. A CUT ficará também mais isolada em seu discurso de não negociar com o governo do presidente Michel Temer.

Desde a chegada do PT ao poder em 2003, a Central Única dos Trabalhadores vem se enfraquecendo no meio sindical. Durante o primeiro mandato da presidente afastada Dilma Rousseff, a taxa de representatividade da central, índice que demonstra o número de sindicatos e trabalhadores sob a sua bandeira, encolheu de 38,3% para 34,4%, segundo o Ministério do Trabalho. O discurso afinado com as gestões petistas, as acusações de corrupção contra ex-dirigentes e o encantamento de seus líderes por cargos na máquina pública distanciaram a entidade de suas bases. No funcionalismo público, por exemplo, ocorreu uma migração em massa de sindicatos para outras entidades mais à esquerda, como a CSP Conlutas. Fora do governo, a CUT tenta encampar bandeiras que negligenciou, por mais de uma década, para estancar a perda de filiados. Uma estratégia que as suas concorrentes podem agora colocar água abaixo.

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As negociações entre a Força Sindical e a UGT começaram em fevereiro. Nos encontros, os principais líderes das duas centrais firmaram um cronograma para selar a união. O primeiro passo foi dado, a partir de abril, com a unificação de reivindicações e a realização de atos conjuntos Agora, eles estão convencendo os poucos dirigentes das entidades contrários ao acordo. Estimam que este processo irá levar aproximadamente um ano. Há estados, como Pernambuco, em que as direções locais da Força Sindical e da UGT possuem um relacionamento historicamente conturbado. “Um acordo desta dimensão não pode ser feito na base da canetada. A gente está vendo como acomodar problemas locais, juntar pautas e resolver outros problemas burocráticos”, diz um dos participantes das negociações. No geral, as duas entidades são fortes em segmentos diferentes. A UGT atua principalmente na área de serviços. A Força Sindical é maior entre os trabalhadores das indústrias. Unidas, elas devem avançar contra as bases da CUT.