Rir é desopilante. Faz bem à saúde, prolonga a vida. Mel Brooks que o diga – ele completa nesta terça, 28, 90 anos. Melvin Kaminsky, seu nome de verdade, nasceu em Nova York e se converteu, com Woody Allen, no máximo representante do que se chama de humor judaico-nova-iorquino. Woody Allen talvez seja mais ainda porque boa parte de sua produção se passa em Nova York. Mel Brooks preferiu partir para o mundo, isto é, Hollywood. Mas antes foi showman em nightclubs, escreveu esquetes de televisão e foi gagman de Sid Caesar – que viveu 92 anos e fez rir até 2014.

Mel estreou na direção em 1969. Primavera para Hitler/The Producers foi considerado um ultraje e fracassou na bilheteria. Onde se viu? Uma comédia em formato de musical, sobre o nazismo? Surpreendentemente, o filme faturou o Oscar de roteiro original, virou cult e deu origem a um musical da Broadway que foi vertido para o cinema, e fracassou, de novo, na bilheteria. O segundo longa foi Banzé no Oeste, bem divertido. Passaram-se quatro anos e 1974 marcou a consagração de Mel Brooks.

Dois filmes no mesmo ano, e ambos desmistificadores (demolidores) de gêneros populares do cinemão – o faroeste, Banzé no Oeste, e o terror, O Jovem Frankenstein. Impossível não rir com a flatulência dos caubóis de Banzé no Oeste, que passam o filme comendo feijão, e com a corcova de Igor, que a toda hora muda de lado nas costas do auxiliar do dr. Frankenstein, enquanto ele cria seu monstro feito de restos humanos. Tendo encontrado sua via – desmontar os códigos de gêneros tradicionais -, Mel Brooks prosseguiu nela. A Última Loucura de Mel Brooks ri do velho burlesco, Alta Ansiedade subverte o suspense do mestre Alfred Hitchcock. O ataque no chuveiro não é com uma faca, como em Psicose, mas com um jornal dobrado. E a câmera descontrolada, ao som da partitura à Bernard Herrmann, termina trincando o vidro ao se aproximar demais do vidro atrás do qual conversa um casal.

O resto talvez não seja do mesmo nível, mas sempre se pode rir da inquisição como um balé de sereias, à Busby Berkeley, em A História do Mundo, Parte 1 (nunca houve a Parte 2), com as trapalhadas espaciais de S.O.S. – Tem Um Louco no Espaço, com as loucas aventuras de Robin Hood ou com Drácula, morto mas feliz. Na vida íntima, você podia até pensar que não daria certo, mas em 1964 Mel Brooks se casou com Anne Bancroft, que ganhara o Oscar de melhor atriz por O Milagre de Anne Sullivan, de 1972, e ainda não fizera A Primeira Noite de Um Homem, que é de 1967 e a consagrou em definitivo como a devoradora Mrs. Robinson. Foram mais de 40 anos de felicidade, até a morte dela, em 2005. Desde então, segue viúvo. A vida, disse numa entrevista, já não tem mais graça para ele. Na verdade, em seu cinema, a vida é sempre uma m…, e é isso que faz rir. Life Stinks é uma droga, como diz o filme de 1991. Pode ser uma droga, mas num filme de Mel Brooks é impagável.

O melhor do ator, produtor e diretor

1. O Jovem Frankenstein

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Baseado em livro de Mary Shelley, o longa de 1974 mostra o Dr. Frederick Frankenstein tentando dar vida a um tecido inanimado. Isso com a ajuda de Igor, um corcunda vesgo de Inga, uma sexy assistente.

2. Banzé no Oeste

Em uma cidadezinha do Velho Oeste, um terrível bandido aterroriza a população e um novo xerife é mandado para lá. Mas tem um problema, o rapaz é negro e passa a ser hostilizado pela população racista, mas vai contar com a ajuda de The Waco Kid, um pistoleiro bêbado, mas rápido no gatilho.

3. Alta Ansiedade

Longa subverte o suspense do mestre Alfred Hitchcock. O ataque no chuveiro não é com uma faca, como em Psicose, mas com um jornal dobrado. E a câmera descontrolada, ao som da partitura à Bernard Herrmann, termina trincando o vidro ao se aproximar demais do vidro atrás do qual conversa um casal.

4. Primavera para Hitler

Produtores da Broadway fracassados resolvem criar um plano para ganhar dinheiro: superfaturar um espetáculo, fazer com que seja um fracasso e só dure um dia, assim todo o dinheiro ficaria para eles. Mas tudo dá errado quando a peça se torna um sucesso.

5. O Homem Elefante

Dirigido por David Lynch e produzido por Mel Brooks, conta com Anne Bancroft, que está esplendorosa, num papel importante. Longa conta a história de Joseph Merrick, que sofria de uma doença que deformou boa parte de seu corpo.


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