Um empreendedor mineiro de 33 anos quer revolucionar a maneira como as cidades – e os cidadãos – lidam com a questão da mobilidade. Ernani Jardim de Miranda Machado lança no dia 23, em evento fechado no escritório da Microsoft em São Paulo, o aplicativo MobQI, depois de testá-lo por dois anos em 38 cidades do mundo.

À primeira vista, a diferença entre o MobQI e os apps que já existem é a convergência de serviços. Pela mesma plataforma, será possível acionar um táxi, ver rotas e horários de ônibus e metrô e, em caso de problemas com segurança, acionar polícia, bombeiros e ambulância a um clique. Por outro lado, Machado promete oferecer aos prestadores de serviço de transporte uma plataforma que possibilita gerenciar com eficiência e precisão seus negócios, “seja de uma frota de veículos, seja do perueiro que tem uma só van”, comenta ele.

Com veículos e pessoas utilizando o serviço, o mapeamento de rotas de uma cidade será feito de modo quase instantâneo. “Graças aos dados interligados, é possível mapear São Paulo em menos de 2 minutos”, explica Machado.

A história desse empreendedor é bastante curiosa. Com raízes familiares na cidade de Araçuaí, a 678 km de Belo Horizonte, ele já quis transformar o local, no Vale do Jequitinhonha, no Vale do Silício brasileiro. “O app foi todo desenvolvido lá unicamente porque eu queria mostrar que era possível fazer tecnologia em qualquer lugar”, conta ele. “Claro que precisei me mobilizar para levar mão de obra qualificada para a região, além de capacitar a já existente.”

O vínculo de Machado com Araçuaí é mais do que hereditário, aliás. Dos 6 aos 13 anos, viveu lá por causa dos negócios do pai – fazendeiro e então dono de uma empresa de locação de máquinas agrícolas pesadas.

Foi nessa época que desenvolveu o gosto pela programação. “Eu tinha 9 anos e minha mãe comprou um computador. Era um trambolho bege que ninguém em casa sabia nem ligar”, recorda-se. “Aquela porcaria, acho que ela nem sabia por que tinha comprado”, relembra.

O menino se encantou. Em pouco tempo estava brincando de fazer pequenos programinhas e desenhando até rótulos de cachaça para um amigo de seu pai, produtor. “Que me prometeu pagar em bombons e usa o rótulo até hoje, mas nunca me pagou”, alfineta o empreendedor.

Na época, para ligar o computador 386 à internet era preciso fazer interurbanos para Governador Valadares, a quase 400 km de lá, onde ficava o provedor de acesso mais próximo. “Vinha um absurdo na conta telefônica”, lembra Machado.

O garoto voltou a Belo Horizonte para cursar o ensino médio. Depois, ainda na capital mineira, graduou-se em Administração e Direito. Fez ainda Engenharia de Robótica na Suíça. E, desde os 18 anos, tem uma empresa de desenvolvimento de softwares.

Orgânico

Machado hoje é o responsável pelas fazendas da família. Na região de Araçuaí, planta orégano, manjericão, pimenta e café. Tudo para exportação. Tudo de forma orgânica. Em sua vida, o olhar rural e o urbano se mesclam para as soluções tecnológicas. Machado é o misto entre os Vales do Jequitinhonha e do Silício. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.