Um sujeito foi flagrado, no Mato Grosso do Sul,
com 129 kg de maconha, armamento de uso exclusivo do Exército e munições.
Breno Borges foi preso em flagrante.
Estaria bem encrencado, não fosse filho da desembargadora Tânia Borges, presidente do Tribunal Regional Eleitoral.
Essa senhora decidiu que seu filho não poderia ser preso porque, coitado, sofre da Síndrome Borderline.
Ou, conforme consta do processo, possui “desvio dos padrões de comportamento”.
Desvio bravo, desses que levam 129 kg de maconha e fuzis no carro.
Dra.Tânia Borges deu uma bela carteirada e mandou sua cria para uma clínica médica.
Aí você pode pensar que estou sendo leviano.
Que não sou especialista e não vi laudo nenhum, então Breno pode mesmo ser um sujeito que tem probleminhas.
Ok.
Vamos acreditar nessa versão, deixar Breno de lado para falar de outro Borges.
Bruno Borges é outro filho da desembargadora Tânia Borges.
Advogado, defende a namorada do irmão, que se encrencou no mesmo flagrante.
Mas a vida de Bruno, o advogado, não foi sempre essa maravilha.
Em 2005, ele foi preso por assalto à mão armada em Campo Grande.
O forte da desembargadora não é manter seus filhos dentro da lei, mas ela é ótima para mantê-los fora da cadeia.
Bruno foi preso e condenado em apenas 24 horas.
Não ficou nem um dia preso.
Enquanto seu comparsa foi enviado ao presídio, a desembargadora-mãe interviu e ele foi internado numa clínica psiquiátrica.
Bonito a gente ver uma mãe tão dedicada.
Se você está indignado, calma.
O Conselho Nacional de Justiça finalmente abriu uma investigação contra três desembargadores do Mato Grosso do Sul.
Tânia Borges e dois colegas.
Quem sabe, né? — dirá você, entoando este mantra
que estamos repetindo há pelo menos dois anos.
Quem sabe isso, quem sabe aquilo.
Esse caso é emblemático porque é um retrato do Brasil
de hoje.
Nós permitimos que a falta de ética extrapolasse as cuecas, as salas das repartições públicas e invadisse as salas de jantar e os almoços de domingo dessa gente.
A safadeza “capilarizou” de tal forma que saiu da camada dos responsáveis diretos e contaminou seus parentes.
Veja o caso grotesco do senador Aécio Neves.
Está lá, de volta à sua atuação política belo e formoso, enquanto a irmã e o primo usam tornozeleira.
Pai, filho, irmão, primo, tio.
Família lembra Máfia.
Sem que a gente percebesse, aos poucos, o País foi dominado por essas pequenas famiglias.
Famiglias de corruptos.
Alguns exemplos, começando pelo casal Sérgio Cabral
e senhora.
Lembram do ministro Fux, do STF, que encaixou a filha como desembargadora numa sabatina relâmpago?
Quem pode negar que Geddel pensou no conforto
da famiglia quando quis garantir o apartamento em área
de preservação histórica?
Há ainda a famiglia Garotinho e Rosinha, de triste lembrança.
E como falar em famiglia sem lembrar da mais famosa
do Brasil, não é mesmo?
Unidos na praia e no sítio.
O pai, orgulhoso, diz que Lulinha “é um fenômeno”.
É bonito de se ver que essa gente passa a mão no seu
e no meu dinheiro,
mas que o Sagrado Núcleo Familiar continua sempre preservado.

 

O forte da desembargadora não é manter seus filhos dentro da lei, mas ela é ótima para mantê-los fora da cadeia


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