NOVA YORK, 16 JUN (ANSA) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (16) o “cancelamento” do acordo de reaproximação com Cuba assinado pelo governo de Barack Obama em dezembro de 2014.
A medida foi divulgada após o próprio Trump ter admitido que está sendo investigado pelo procurador do caso “Russiagate”, Robert Mueller. O anúncio da nova política em relação a Cuba aconteceu durante um discurso em Miami, cidade que tem uma grande população de cubano-americanos.
Em seu pronunciamento, Trump prometeu aumentar as restrições para transferências de recursos e viagens de norte-americanos ao país latino. Apesar disso, as mudanças devem se dar mais no campo retórico do que no prático.
O presidente manterá a Embaixada dos Estados Unidos em Havana, reaberta em julho de 2015, e não romperá os laços diplomáticos entre os dois países. Além disso, voos civis continuarão operando entre Estados Unidos e Cuba, e norte-americanos poderão voltar para casa com produtos da ilha.
“O objetivo que queremos alcançar o mais rapidamente possível é o de uma Cuba livre”, declarou o republicano, chamando o regime castrista de “brutal”. “Não ficaremos em silêncio perante a opressão do comunismo”, acrescentou.
O líder norte-americano ainda cobrou a libertação de presos políticos e disse que negociará um acordo “mais justo” para os cubanos e para os dissidentes que vivem nos Estados Unidos.
Trump também afirmou que não retirará as sanções contra Havana enquanto o “direito à liberdade de expressão” do povo cubano não for respeitado e exigiu a legalização dos partidos políticos e a realização de eleições “livres e supervisionadas internacionalmente”.
O que muda? – Segundo comunicado da Casa Branca, turistas norte-americanos não poderão mais viajar individualmente para a ilha, mas cubano-americanos terão liberdade para visitar suas famílias e enviar-lhes remessas de dinheiro – de acordo com Trump, o governo de Raúl Castro usou os lucros provenientes do turismo para investir nas Forças Armadas.
Além disso, Washington pretende estabelecer “as bases para empoderar o povo cubano e desenvolver uma maior liberdade econômica e política”. Já o embargo, que continuou em vigor mesmo após o acordo de Obama, seguirá valendo.
O pacto de reaproximação havia sido acertado em dezembro de 2014 e culminou na histórica visita do democrata a Cuba, em março do ano passado.
Durante a campanha eleitoral pela Casa Branca, Trump já tinha prometido rever o acordo, que é mais um dos legados de Obama desmontados pelo republicano. Desde que chegou ao poder, o presidente já deixou o Acordo de Associação Transpacífico (TTP), anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre o clima e tenta engavetar de vez a reforma do sistema de saúde feita pelo democrata, o “Obamacare”.
A mudança na política em relação a Cuba acontece no momento mais delicado de seu curto mandato, logo após o Departamento de Justiça tê-lo incluído na lista de investigados do escândalo “Russiagate”, que apura supostas interferências da Rússia na eleição do ano passado. (ANSA)