Os destroços da balsa sul-coreana “Sewol” começaram a emergir nesta quinta-feira, três anos depois do naufrágio que provocou a morte de 304 pessoas, em sua grande maioria estudantes.

As imagens da televisão mostraram uma área oxidada da balsa de 6.825 toneladas no momento em que era retirada da água por equipes de resgate.

A operação complexa, uma das maiores da História para recuperar um navio, acontece quase três anos depois da tragédia.

A balsa naufragou em 16 de abril de 2014 na costa da ilha de Jindo (sudoeste), em uma das maiores catástrofes marítimas da história da Coreia do Sul.

O “Sewol” transportava 476 pessoas.

A recuperação da balsa era uma reivindicação essencial das famílias das vítimas. Nove corpos nunca foram encontrados e ainda poderiam estar presos nos destroços.

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Vários parentes das vítimas observavam as operações a bordo de um barco próximo ao local.

“Voltar a ver o Sewol. Não posso descrever o que sinto”, disse Huh Hong-Hwan, que perdeu a filha de 16 anos na tragédia. O corpo da adolescente nunca foi encontrado.

Ao lado da esposa, ele permanece em vigília, assim como outros parentes de vítimas.

“Levou tanto tempo”, disse.

“Parte meu coração ver o barco retornar”, afirmou, chorando, Lee Keun-Hui.

“Minha filha está presa neste lugar sujo e sombrio há tantos anos”.

Há três anos um grupo de familiares e amigos organizam uma vigília em um acampamento instalado em uma colina de Donggeochado, a ilha mais próxima ao local do naufrágio, a 1,5 km.

Pela televisão era possível observar dezenas de pessoas que participam na operação caminhando sobre o casco da balsa.

Quase 450 pessoas participam na operação. A balsa pesa entre 8.000 e 8.500 toneladas.

Quando a maior parte do navio retornar à superfície, uma embarcação será posicionada debaixo da balsa para completar o processo e transportá-la ao porto de Mokpo.

“Acreditamos que serão necessários de 12 a 13 dias para levantar a balsa e levá-la até Mokpo”, declarou Lee Cheol-Jo, coordenador das operações no ministério de Assuntos Marítimos.


O “Sewol” estava submerso a mais de 40 metros de profundidade. As operações para resgatá-lo, previstas para o ano passado, foram adiadas em várias ocasiões pelo mau tempo.

O naufrágio aconteceu durante a presidência de Park Geun-hye, recentemente destituída por um escândalo de corrupção.

Durante as primeiras horas da tragédia, cruciais, a então presidente permaneceu em sua residência.

Ela nunca explicou a razão de seu isolamento, o que gerou muitas especulações, de um suposto encontro amoroso até uma eventual cirurgia plástica.

A tragédia, provocada por uma série de erros humanos – um espaço de carga ilegalmente redesenhado e sobrecarregado, equipe inexperiente e relações conflituosas entre o operador e as autoridades reguladoras – chocou o país.

O capitão da balsa, Lee Jun-Seok, foi condenado à prisão perpétua por “homicídio por negligência” e 14 membros da tripulação foram condenados a penas de dois a 12 anos de prisão.

O “Sewol” demorou três horas para afundar, mas as pessoas que estavam a bordo não receberam em nenhum momento a ordem para abandonar a embarcação.


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