O que aconteceu com o quarteto inconsequente de “Trainspotting — Sem Limites” (1996)? Os rebeldes que espantavam o tédio injetando heroína continuam vivos. “Eles mudaram um pouco, embora permaneçam escravos das suas insatisfações”, diz Danny Boyle, diretor do original e da continuação, “T2 Trainspotting”, atualmente em cartaz. Apesar da pressão dos fãs, que pediam uma sequência desde que o original virou cult, o cineasta preferiu esperar os atores e os personagens envelhecerem para revisitar os viciados de Edimburgo.34

“A ideia é jogar com as frustrações que todos nós temos, com relação às expectativas que tínhamos na juventude de como a nossa vida de adulto deveria ser’’, conta Boyle. Nada deu certo para Francis Begbie (Robert Carlyle), que foi parar na prisão. Enquanto Spud (Ewen Bremner) tenta se livrar do vício que destruiu o seu casamento, Sick Boy (Jonny Lee Miller) mantém a rotina de golpes. O único que se deu bem foi Mark Renton (Ewan McGregor), depois de fugir com o dinheiro dos amigos no primeiro filme. Ele volta à Escócia depois de uma longa temporada na Holanda. “Curiosamente, nenhum deles amadureceu de verdade, o que os impede de avançar”, diz o ator Ewan McGregor.

Tanto Boyle quanto os atores rejeitaram vários roteiros até terem certeza que a continuação estaria à altura do original.
E está. Se o primeiro impressionou pela abordagem visceral e tragicômica dos dependentes de heroína, a continuação acerta ao enveredar pela emoção, convidando não só os personagens mas também quem está na plateia a fazer
um balanço das próprias vidas.