ELE ERROU O presidente Recep Erdogan fez vista grossa para o descontrole nas fronteiras
ELE ERROU O presidente Recep Erdogan fez vista grossa para o descontrole nas fronteiras (Crédito:Murat Cetinmuhurdar, Presidential Press Service, Pool via AP)

Depois de Bruxelas, na Bélgica, chegou a vez de Istambul, na Turquia. Terceiro aeroporto mais movimentado da Europa, Atatürk foi alvo de um atentado terrorista na terça-feira 28, pouco mais de três meses depois do ataque à capital belga. Dessa vez, três homens trocaram tiros com policiais na entrada do desembarque antes de detonar os explosivos que mataram ao menos 43 pessoas – entre elas, 19 estrangeiros – e feriram outras 239. Apesar de nenhum grupo ter reivindicado a autoria dos bombardeios até o fechamento desta edição, o Estado Islâmico (EI) era o principal suspeito. Na quinta-feira 30, as autoridades prenderam 13 suspeitos de ligação com o ato terrorista. Pela postura do governo turco nos últimos anos, a solução desse mistério pode ser ainda mais demorada, já que Ancara tem sido obrigada a lidar com diferentes tipos de terrorismo.

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Os turcos sofrem agora por terem feito vista grossa no controle de sua fronteira com a Síria, por onde passaram inúmeros jihadistas estrangeiros que queriam se aliar ao EI nos últimos anos. “Por muito tempo, a Turquia foi hesitante e até mesmo cooperativa com o EI, que era visto como uma ameaça menos perigosa que o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que luta por autonomia)”, disse à ISTOÉ Bayram Balci, pesquisador de movimentos islâmicos turcos na SciencesPo, de Paris.

Segundo ele, até a Guerra Civil na Síria, a Turquia era “exemplo de estabilidade, paz e prosperidade econômica”. Para Henri Barkey, diretor do Programa para o Oriente Médio do Wilson Center, de Washington, a batalha de Kobani, em outubro de 2014, foi um ponto de inflexão no relacionamento do governo turco com os rebeldes curdos. O ataque do EI ao território no norte da Síria deslocou mais de 400 mil curdos e provocou protestos violentos em diversas cidades da Turquia. “Naquele momento, o governo deixou claro que queria que o EI vencesse”, afirma Barkey. “Mas os curdos, com a ajuda da coalizão liderada pelos Estados Unidos, recuperaram o território e Kobani se tornou uma grande demonstração da força deles.”


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