O presidente Michel Temer deve um agradecimento especial ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Graças a ele, o País encerra, sem traumas, uma crise desnecessária entre o Legislativo e o Judiciário, que poderia custar a cabeça de seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Ao suspender a Operação Métis e transferi-la para o Supremo Tribunal Federal, retirando-a da primeira instância em Brasília, Teori distensionou as relações entre os poderes depois que, na semana passada, policiais federais invadiram pela primeira vez na história o Senado Federal.

Tal ação poderia custar caro ao Palácio do Planalto. O primeiro risco, obviamente, seria o adiamento da votação da PEC 241, que congela os gastos públicos por 20 anos. O segundo, a desintegração completa da base aliada, diante da percepção de que Temer não estaria sendo capaz de pacificar as relações entre os poderes, num momento em que o avanço da Lava Jato sobre o mundo político amplia as tensões.

Depois do freio de arrumação de Teori, que também foi costurado nos bastidores pelo ministro Gilmar Mendes, crítico da presença policial no Senado, as coisas voltam ao seu devido lugar. Com isso, talvez haja espaço para que o País discuta seus reais problemas, que vão muito além da crônica policial dos dias atuais.

A crise brasileira, que teve início um dia depois do segundo turno das eleições presidenciais de 2014, já custou mais de 2 milhões de empregos só nos últimos doze meses. A comparação entre o terceiro trimestre de 2016 e o do ano anterior revela que a população ocupada caiu de 92 milhões de pessoas para 89,8 milhões, com uma queda de 2,4% – uma das maiores já registradas pelo IBGE. O mais grave é o fato de milhares de pessoas terem deixado de procurar empregos, cientes de que todas as portas estão fechadas.

Em grande medida, essa paralisia se deve ao punitivismo que tomou conta do País nos últimos anos. Praticamente não há um grande grupo econômico que não tenha sido envolvido em algum tipo de investigação e hoje os empresários gastam mais tempo e energia com advogados do que com seus próprios executivos. Esse modelo pode agradar determinadas parcelas da opinião pública, mas certamente não contribui para o desenvolvimento do País. O freio de arrumação vem em boa hora.

Ao suspender a Operação Métis, Zavascki encerrou uma crise
desnecessária, quando o País tem questões bem mais graves a resolver