Não são apenas integrantes da classe política que estão apavorados com uma eventual delação do presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Parte do empresariado dos mais variados setores está igualmente apreensiva com esta possibilidade. Investigadores têm informações preliminares de que Cunha costumava dialogar muito com empresários antes de pautar a votação de projetos e discutir medidas provisórias. Muitas vezes, os interlocutores ultrapassavam limites republicanos, segundo agentes.

Gincana
Com a delação de Sergio Machado, ex-Transpetro, aliados de Dilma Rousseff estão ainda mais empenhados em atrasar a votação do impeachment. Estão consultando juristas para calcular se há viabilidade jurídica para que a Procuradoria Geral da República entre com um pedido de investigação contra Michel Temer.

Gincana 2
Pelo artigo 86, parágrafo 4º da Constituição, o presidente, na vigência de seu mandato, não pode ser investigado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Entretanto, como Temer é interino, estão estudando se a lei se aplicaria a ele ou não.

Diplomacia
O venezuelano Henrique Capriles, opositor de Nicolás Maduro, em sua visita ao chanceler José Serra queria ser recebido também por Temer, mas este se esquivou. O presidente decidiu que enquanto for interino não entrará em bolas divididas internacionais.

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Na balança
Ministros do STF comentam entre si estarem “pasmos” com a leveza das penas de criminosos que fecham delação no âmbito da operação Lava Jato. Avaliam que a aplicação de punições brandas de reclusão e financeira pode dar a impressão de que o crime compensa.

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A boa política
A imagem de Michel Temer sofreu fortes arranhões nesta semana. Mas tem uma turma rasgando elogios ao presidente interino: taifeiros da aeronáutica. Em sua primeira viagem oficial, Temer saiu da área VIP do avião e foi para o fundo cumprimentar um a um.

Cabo…
O governo interino já começa a esboçar um atrito recorrente no governo FHC e no de Dilma na época de Joaquim Levy: discordâncias entre as áreas econômica e política. Apesar de toda deferência de Temer com Henrique Meirelles, da Fazenda, o presidente vai vetar o que chama de “insensibilidade social”.

…de guerra
A trinca política Eliseu Padilha, da Casa Civil, Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, e Moreira Franco, da secretaria de Investimentos, está com a função de segurar medidas mais impopulares vindas da Fazenda. Ao menos até o desfecho das eleições municipais, em outubro.

Tempos difíceis
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem consciência dessas dificuldades políticas, mas avalia com sua equipe que, ou o governo envia ao Congresso propostas impopulares que ajudem a corrigir os rumos da economia antes das eleições ou não vai ter governo possível, independentemente da Lava Jato. Propostas como reforma da Previdência podem até ser votadas depois da disputa eleitoral, mas têm que ser enviadas antes pelo Planalto. Meirelles prevê que os próximos meses serão terríveis internacionalmente por conta da ameaça Donald Trump nos EUA e a iminente saída do Reino Unido da União Europeia.

Para todos
Mas as medidas impopulares da Fazenda não são endereçadas só ao social. Todas as contas feitas pela equipe de Henrique Meirelles não preveem até agora nenhum tipo de capitalização da Petrobras nem da Eletrobras, que somam prejuízos bilionários. Os gestores das estatais terão que ser criativos para colocarem as companhias nos trilhos.

Toma lá dá cá

Janaína Paschoal, advogada de acusação do impeachment

ISTOÉ – As sessões da Comissão Especial do Impeachment com mais de 12 horas são produtivas?
Janaína – Para confirmar os termos da denúncia, sim. Mas é um absurdo a defesa ter 40 testemunhas, quando deveria ser no máximo 16. Mas o relator (Antônio Anastasia PSDB-MG) acatou.

ISTOÉ – O relator errou?
Janaína – Foi um equívoco dele mantido pelo presidente do STF, que alegou não querer interferir na decisão da comissão pois ela é soberana. Mas são dois pesos e duas medidas. Porque quando a comissão derrubou o pedido da defesa de fazer perícia, ele derrubou a decisão da comissão.

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Rápidas
* Após levantamento do Ministério Público que indicou possível fraude no Bolsa Família para 1,4 milhões de pessoas, o Ministério do Desenvolvimento Social disse que 600 mil beneficiários já haviam sido excluídos pela malha fina.


* O secretário-executivo da pasta, Alberto Beltrame, entretanto, não ficou satisfeito com a resposta. “Ainda não temos explicação sobre as outras 800 mil pessoas”, criticou ele, que solicitou à Controladoria Geral da União novo cruzamento para solucionar o mistério.

* Segundo Beltrame, cerca de 500 mil pessoas aguardam na fila de espera para terem acesso ao programa, por falta de recursos orçamentários. “Não faremos cortes, mas temos de gerar espaço para quem de fato precisa”, anunciou.

* Polêmico, defende a criação de “condicionalidades comunitárias” na concessão do benefício. “Hoje, a contrapartida é só individual e familiar. Por que não prever um trabalho comunitário? Estimular cooperativas? Microcrédito?”.

Retrato falado
Gaúcho e pediatra de formação, o novo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, adotou como prioridade a “inclusão produtiva” dos beneficiários do Bolsa Família e a elaboração de medidas contra fraudes no programa. Ele busca junto a órgãos como Planejamento, Fazenda e CGU aprovar um decreto para compartilhamento de dados, que permita à pasta aprimorar sua malha fina e se prevenir contra trapaças já na inscrição.

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Intuitiva
Mesmo com pouco tempo de TV e do escasso orçamento, a pré-candidata à prefeitura de São Paulo Luiza Erundina (PSOL) tem dito que irá ao 2º turno. E contra “alguém da direita”. “Tenho muita intuição”, diz a deputada, 1ª prefeita eleita da cidade, em 1989. “Um mês antes da minha primeira eleição, todos duvidavam, mas eu já sabia que íamos
ganhar.”

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Reciclagem
O Partido dos Trabalhadores fará um encontro  extraordinário em novembro, depois das eleições municipais. Deve reunir mais de 600 delegados da legenda. O encontro é para avaliar o momento atual da sigla e repensar o futuro. Dali podem sair mudanças no estatuto e até no código de ética da agremiação.


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