O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos responsáveis pela Operação Lava Jato no Paraná, criticou o governo de Michel Temer, um dia após a suspensão pela Polícia Federal da emissão de passaportes. Lima criticou, ainda, a redução da equipe responsável pela operação e sugeriu que isso pudesse prejudicar as investigações pelo País.

“O governo Temer sufoca a Polícia Federal. Nem dinheiro para a emissão de um documento necessário como o passaporte”, escreveu o procurador em sua página no Facebook. “Imagine como está a continuidade das diversas investigações pelo País.”

Segundo Lima, na operação Lava Jato “a equipe da polícia foi significativamente reduzida”. O procurador ainda questionou: “A quem isso interessa?”

A Polícia Federal informou nesta terça-feira, 27, que está suspensa a confecção de novas cadernetas de passaportes solicitadas a partir de então, devido à insuficiência de orçamento.

“A medida decorre da insuficiência do orçamento destinado às atividades de controle migratório e emissão de documentos de viagem”, informou a PF, que disse, ainda, que o agendamento online do serviço e o atendimento nos postos da instituição continuarão funcionando normalmente.

Não há, porém, previsão para entrega do passaporte, enquanto não for normalizada a situação orçamentária. Quem tiver sido atendido antes do dia 27 receberá o passaporte normalmente.

PF fez dez avisos neste ano sobre falta de verba para passaporte

A Polícia Federal fez dez avisos formais somente neste ano para o Governo Federal sobre a necessidade de mais recursos para a confecção de passaportes. O primeiro ofício foi enviado ainda em 6 de janeiro deste ano.

Em maio o serviço já iria parar, mas o governo repassou mais R$ 24 milhões evitando a interrupção. Depois disso, os alertas foram ignorados.

No ano passado, durante a discussão do Orçamento da União, a PF pediu R$ 248 milhões para atender a demanda por passaportes em 2017. Mas o governo já enviou uma proposta de R$ 121 milhões. Ou seja, menos da metade do valor.

A consequência veio agora, com a interrupção do fornecimento de passaportes às vésperas das férias.