Valdir Pereira da Rocha, conhecido como Valdir Mahmoud, um dos dois brasileiros foragidos suspeitos de executar atos preparatórios com o objetivo de realizar ações terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, se entregou nesta sexta-feira à Polícia Federal. Ele estava na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, em Mato Grosso, fronteira com a Bolívia.

A Polícia Federal ainda busca mais um foragido acusado de fazer parte do grupo. Ao todo, 12 suspeitos tiveram a prisão decretada na Operação Hashtag – destes, 10 foram detidos no primeiro dia de ação, na quinta-feira. Todos foram ou serão levados para um presídio federal de segurança máxima em Campo Grande. Rocha seria ouvido e depois também encaminhado a um presídio federal. Por questão de segurança, a PF não divulgaria o horário da transferência.

A Operação Hashtag, deflagrada pela Polícia Federal, investiga a integração de brasileiros na organização terrorista Estado Islâmico (EI), acusada de perpetrar atentados em países como os Estados Unidos, Bélgica e França – o último ataque, realizado em Nice, deixou um saldo de mais de 80 mortos.

Por meio de medidas como quebra de sigilo telefônico e de dados captados através da internet, autorizada pela 14.ª Vara Federal de Curitiba, constatou-se a tentativa de organização do grupo para promoção de atos terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio. O contato entre os indivíduos era feito por meio de redes sociais, espaço no qual também divulgavam ideais extremistas e de perseguição religiosa, racial e de gênero, segundo as investigações das autoridades brasileiras.

De acordo com a operação, alguns indivíduos já haviam realizado o batismo ao Estado Islâmico (bayat), juramento de fidelidade exigido pela organização terrorista para o acolhimento de novos integrantes.

TRANSFERÊNCIA – Os outros 10 presos na Hashtag foram levados na manhã desta sexta-feira a um presídio federal em Campo Grande. “A custódia dos presos em presídio federal efetivará a prevenção de atuação terrorista pelo grupo em questão durante o evento internacional sediado no País”, informou o Ministério Público Federal (MPF).

Para o procurador da República Rafael Brum Miron, da Hashtag, “as provas colhidas até o momento possibilitam o enquadramento dos investigados, no mínimo, nos tipos penais que estipulam ‘promover’ ou ‘integrar’ organização terrorista como crime”. “Entre as principais provas identificadas há uma comunicação eletrônica na qual um dos integrantes do grupo conclama interessados a se organizarem para prestar apoio ao Estado Islâmico com treinamento já em território brasileiro”, apontou, em nota, a Procuradoria da República, no Paraná.

O processo tramita em segredo de Justiça, segundo a Procuradoria, “a fim de assegurar o êxito da operação e a eventual obtenção de novas provas”.