Contrariando todas as expectativas, o filme “The Square”, do sueco Ruben Ostlund, levou a Palma de ouro do Festival de Cannes, anunciou o presidente do júri da mostra francesa, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar.

Participando da mostra principal pela primeira vez, o diretor já tinha levado, há três anos, o prêmio do júri na seção paralela Um Certo Olhar, com “Força Maior” (Snow Therapy, 2015).

Em “The Square”, ele faz uma crítica em tom de sátira à burguesia ocidental e do mundo da arte contemporânea.

No filme, o curador de um museu de arte contemporâneo prepara uma exposição com grandes propósitos, centrada em engrandecer os valores universais, através de um simples quadrado desenhado no chão.

“É um filme formidável e uma equipe formidável. Espero que nós ainda possamos trabalhar juntos”, declarou o diretor, ao receber o prêmio principal do festival.

A mostra francesa, que se encerra neste domingo, atribuiu, ainda, os prêmios de melhor interpretação masculina e feminina, respectivamente ao americano Joaquin Phoenix e à alemã Diane Kruger, enquanto a cineasta americana Sofia Coppola levou o prêmio de melhor direção.

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Phoenix, de 42 anos, foi reconhecido por sua atuação em “You Were Never Really Here”, da britânica Lynne Ramsay.

Neste suspense psicológico, o ator é um veterano da Guerra do Vietnã, traumatizado e violento, que tem que resgatar uma adolescente de uma rede de prostituição.

“É um prêmio totalmente inesperado, meus sapatos não estão adequados”, declarou ao receber o prêmio, calçando tênis Converse.

Com visual menos informal, de longo preto e sandálias de salto, Diane Kruger foi premiada por seu primeiro grande papel em uma produção germânica, “In the fade”, do diretor Fatih Akin.

Neste filme, a ex-modelo vive uma mãe de família que busca se vingar da morte de seu marido, de origem turca, e de seu filho, em um atentado cometido por neonazistas.

“Fatih, meu irmão, obrigada por ter acreditado em mim, de ter me permitido fazer este filme. Você me dá uma força que eu desconhecia ter e não esquecerei jamais”, disse a atriz ao receber o prêmio, em agradecimento ao diretor.

A americana Sofia Coppola, por sua vez, ganhou o prêmio de Melhor Direção por seu filme “O Estranho que Nós Amamos”, uma adaptação do romance de Thomas Cullinan, que já foi levada aos cinemas em 1971 por Don Siegel, com Clint Eastwood como protagonista.

“Obrigada ao meu pai, por ter compartilhado [comigo] seu amor pelo cinema”, declarou a filha do cineasta americano Francis Ford Coppola, ao receber a Palma.

O Grande Prêmio da Mostra foi para o filme francês “120 battements par minute”, de Robin Campillo, um dos favoritos da crítica.

Na fita, Campillo resgata uma história que ele próprio viveu, quando ingressou na associação Act Up, cujo ativismo foi chave para forçar o governo francês a abrir os olhos e enfrentar a epidemia de aids.

“Foi uma aventura coletiva, uma grande história. Nunca somos tão belos e fortes do que quando estamos unidos”, declarou o cineasta francês ao receber o prêmio.


Outro filme que liderava os prognósticos, o drama familiar russo, “Loveless”, de Andrei Zvyagintsev, levou o prêmio do júri.

Com o filme, um retrato áspero sobre uma sociedade russa brutal e desumanizada, Zvyagintsev levou seu terceiro prêmio na mostra francesa.

Em sua 70ª edição de aniversário, o Festival de Cannes atribuiu, ainda, um prêmio especial à atriz americana Nicole Kidman.

A seguir, os premiados do 70ª Festival de Cannes:

– Palma de Ouro: “The square”, do sueco Ruben Östlund

– Grande Prêmio: “120 battements par minute”, do francês Robin Campillo

– Melhor Direção: a americana Sofia Coppola por “O estranho que nós amamos”

– Melhor Roteiro: o grego Yorgos Lanthimos por “The killing of a sacred deer”, ‘ex aequo’ com a britânica Lynne Ramsay por “You were never really here”

– Prêmio do Júri: “Loveless”, do russo Andrei Zvyagintsev

– Melhor Interpretação Feminina: a alemã Diane Kruger por “In the fade”

– Melhor Interpretação Masculina: o americano Joaquin Phoenix por “You were never really here”

– Prêmio Especial pelo 70º aniversário: a atriz americana Nicole Kidman


– Câmera de Ouro: “Jeune Femme”, da francesa Léonor Serraille

– Palma de Ouro para curta-metragem: “A Gentle Night”, do chinês Qiu Yang


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