É difícil imaginar que um dia pijamas e quebra-cabeças seriam os itens com maior crescimento nas buscas do Google, mas aconteceu. Junto às fritadeiras elétricas, cadeiras de escritório, pantufas e aspiradores de pó, esses produtos são os maiores objetos de desejo da quarentena. Se não há festas, por que comprar um vestido? Para o especialista em consumo Renato Meirelles, responsável pelo Instituto Locomotiva, entidade que analisa padrões de comportamento e compra, o processo de escolhas é natural. “No início, as pessoas compraram o que era prático e necessário”, diz Meirelles. “A importância dada a um produto, porém, é diferente entre as camadas sociais. Há moradias na favela que valorizam TVs de alta de definição, porque são fontes de entretenimento nesse período.”

Pantufas e moletons

O professor universitário Tiago Andrade aproveitou a quarentena para realizar uma mudança radical em seu apartamento. “Nas primeiras semanas, dei aulas online na mesa da cozinha. Quando vi que o vírus veio para ficar, percebi que precisava montar uma estação de trabalho melhor.” Tiago comprou um computador novo, uma mesa e uma cadeira “gamer”, modelo voltado para quem passa longas jornadas na frente da tela. “Essas cadeiras são ideias para quem passa horas jogando videogame. Tem ajustes até para o pescoço”, afirma o professor, que chega a ficar mais de 46 horas sentado à frente do computador por semana.

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“Montar quebra-cabeças foi bom para passar o tempo, além de ser tranquilizante. Também me ajudou a ter uma pequena meta a ser cumprida” Giovana Cassoni, estudante

Segundo o Google Trends, plataforma que analisa os termos mais buscados no Google, os quebra-cabeças tiveram um aumento de 150% nas buscas em maio, algo inédito até em datas como Natal e Dia das Crianças. A estudante Giovana Cassoni, de 17 anos, aproveitou as férias para montar quatro quebra-cabeças. Adquiriu ainda um kit complementar, com tapete imantado e potes organizadores para as peças. “Montar quebra-cabeças foi bom para passar o tempo, além de ser tranquilizante. Também me ajudou a ter uma pequena meta a ser cumprida”, diz Giovana.

Antes da pandemia, as reuniões da assessora de comunicação Amanda Rinaldi com clientes exigiam um figurino elegante. Hoje, passando mais tempo em casa, ela investiu em roupas confortáveis. “Comprei três pijamas e dois casacos de moletom”, diz Amanda. Com aumento de 500% nas buscas na quarentena, o pijama virou a peça mais querida do guarda-roupa.