O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu na manhã desta quarta-feira, 31, mais duas testemunhas de defesa do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por um suposto esquema de dinheiro desviado na compra de navios-sonda da Petrobras. Prestaram depoimento no STF o ex-secretário geral da mesa diretora da Câmara Silvio Avelino da Silva e o deputado federal Mauro Ribeiro Lopes (PMDB-MG).

Questionado sobre o fato de ser testemunha de defesa, o parlamentar afirmou que, na condição de secretário geral nacional do PMDB, manteve “convivência” com todos os deputados do partido, inclusive com Cunha. “O relacionamento com o Eduardo (Cunha) foi de convivência dentro do plenário”, afirmou Mauro Ribeiro Lopes.

Segundo o Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), os depoimentos se concentraram no funcionamento da Câmara e nos procedimentos de elaboração de requerimentos.

Cunha é acusado de receber vantagens indevidas para facilitar e viabilizar a contratação do estaleiro Samsung Heavy Industries, responsável pela construção dos navios-sondas. O peemedebista teria pressionado pelo pagamento de propinas, por meio da formulação de requerimentos perante a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Os requerimentos solicitavam informações sobre o lobista Júlio Camargo – um dos delatores da Operação Lava Jato -, a Samsung e o Grupo Mitsui, aponta a Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com as investigações, o ex-presidente da Câmara elaborou dois requerimentos, logado no sistema da Câmara como usuário “Dep. Eduardo Cunha”. Depois, os requerimentos foram autenticados pelo gabinete da então deputada Solange Almeida.

“Perguntaram se eu conheço Solange, se convivi com ela e outras pessoas, me deram o nome de outras pessoas, eu não as conheço, só isso”, disse Mauro Ribeiro Lopes. Indagado sobre quem seriam as outras pessoas mencionadas, o deputado desconversou: “Não sei”.

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O ex-secretário geral da mesa diretora da Câmara Silvio Avelino da Silva não quis falar com a imprensa ao deixar a sala de audiências.

O STF começou a ouvir as testemunhas de defesa de Cunha nesta terça-feira (30). Para a tarde desta quarta-feira, estão previstos os depoimentos de outros quatro deputados federais e de um agente da Polícia Legislativa.

A Câmara dos Deputados se prepara para votar a cassação do mandato de Eduardo Cunha no dia 12 de setembro, uma segunda-feira, dia em que o plenário tradicionalmente registra a presença de menos parlamentares, o que pode beneficiar o peemedebista.


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