Enquanto uns tenistas ainda sofrem as agruras do tênis juvenil, outros já começam a saborear os benefícios do mundo profissional. É o caso de Mateus Alves e do próprio João Ferreira, dois dos 18 jovens tenistas que integram o Projeto Transição, da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). Mateus e João têm a companhia de outros 10 tenistas no masculino. No feminino, são seis adolescentes.

Com investimento de R$ 400 mil por ano, a CBT escolheu juvenis com claro potencial de se tornarem profissionais para ganharem experiência em grandes torneios do circuito da ATP e da WTA. Na prática, eles acompanham tenistas profissionais, como Thomaz Bellucci, Thiago Monteiro, Bruno Soares e Teliana Pereira, nas competições e têm a chance de se tornarem “sparrings” de atletas do Top 10 do ranking mundial.

O objetivo do projeto é colocar os juvenis em contato com os grandes tenistas da atualidade, principalmente nos momentos de treinamento. Mateus Alves, por exemplo, pôde treinar com o espanhol Rafael Nadal, um dos maiores da história, e o escocês Andy Murray, atual número 1 do mundo, no Masters 1000 de Cincinnati, nos Estados Unidos, em agosto do ano passado.

“Foi uma experiência muito boa, é incrível a sensação de treinar com os caras que eu sempre vi na TV. São ídolos mundiais”, disse ao Estado o tenista de 16 anos. “Pude aprender um pouco da intensidade deles, de como eles treinam, como se preparam. Foi muito importante para o meu crescimento dentro de quadra”, afirmou Mateus, que treinou também com o espanhol David Ferrer e os franceses Gilles Simon e Jo-Wilfried Tsonga.

A experiência em Cincinnati marcou o projeto piloto do Transição, que terá um calendário regular ao longo de 2017 para os juvenis do Brasil. Serão até oito torneios que servirão de oportunidade para os jovens fazerem uma imersão no mundo do tênis profissional.

“E não é só treinar ou aquecer, é vivenciar o dia a dia, o bastidor do circuito. É numa conversa informal, na janta ou indo para o clube que o menino aprende alguma coisa importante”, afirma Eduardo Frick, gerente esportivo da CBT.

Para tanto, os juvenis brasileiros têm “padrinhos” e “madrinhas” nos torneios. Mateus contou com o apoio e experiência de Bruno Soares em Cincinnati. No Brasil Open, no primeiro evento do projeto neste ano, os juvenis João Ferreira e Gabriel Decamps contaram com o apadrinhamento do veterano André Sá, em São Paulo.

“Os padrinhos e madrinhas participam do aquecimento dos meninos e meninas, contam como é o dia a dia, convivem com eles, explicam como funciona e apresentam a eles o circuito de alto nível”, diz Frick. “Me atrevo a dizer que ir a um torneio do projeto é dez vezes melhor do que jogar uma competição para pontuar na ATP. Torneios futures têm toda semana. Mas não é toda semana que você tem a oportunidade de aquecer com o Murray ou treinar com o Nadal. Isso não tem preço.”

Pelo projeto, a CBT banca passagens aéreas e hospedagens do juvenil e também do seu treinador. “Nosso plano está indo muito mais na ótica de desenvolvimento macro do jogador. Não adianta mandar o jogador se ele voltar para casa e não saber como atuar na rotina. O treinador é importante para ver como são as rotinas e aplicá-las no dia a dia do jogador”, explica o presidente da CBT, Rafael Westrupp.