Sabe-se que os países mais desenvolvidos colocam a educação como um dos principais pilares que sustentam o crescimento social e econômico. Servem de exemplo, para ficarmos apenas em quatro nações, a Noruega, a Suécia, a Austrália e os EUA. Já no Brasil, professores e educadores em geral ainda lutam por respeito e valorização – e isso dentro das próprias escolas em que trabalham. Na semana passada, a professora Márcia Friggi foi agredida por um aluno de quinze anos no Centro de Educação de Jovens e Adultos de Indaial, em Santa Catarina. Após pedir para que ele retirasse um livro de sobre as pernas e o colocasse à mesa, Márcia foi ofendida verbalmente pelo adolescente. Ela ordenou então que o rapaz fosse encaminhado à direção. Ele não hesitou: atirou o livro na direção da professora e a agrediu com três socos. Ferida fisicamente e em seus princípios, Márcia divulgou nas redes sociais uma foto com o rosto inchado e com sangue. O conselho tutelar disse que o jovem teve problemas nas escolas pelas quais já passou e agride a mãe. Ou seja: o rapaz vem demonstrando um comportamento delinquencial. Na Câmara dos Deputados, o líder do PSD, João Rodrigues, tentou defender o aluno projetando absurdamente a culpa na própria professora – que teria apoiado jogar ovos em Jair Bolsonaro. Agredir políticos com ovos é de fato lamentável, seja ele quem for. Gostar de Bolsonaro é um direito democrático de Rodrigues, não gostar de Bolsonaro é um direito democrático de Márcia. Já esmurrá-la, isso não é direito de ninguém. É crime.

Somente em São Paulo foram registrados 548 boletins de ocorrência nos primeiros seis meses desse ano devido à agressão de alunos contra professores

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equipamentos de consulta e tratamento, pertencentes a rede pública de saúde, estão quebrados no País – sendo que 993 são de unidades básicas, que assistem a população mais carente. 100 hospitais públicos acabam de fechar as portas por falta de recursos. 163 UPAs jamais saíram do papel. Eis o quadro terminal. Os dados são do Ministério da Saúde.

RIO DE JANEIRO
Soldado do Exército se bandeia para o tráfico

REUTERS/Ricardo Moraes

Uma Operação das Forças Armadas deixou sem aula no Rio de Janeiro cerca de vinte e sete mil alunos – somente na região do Morro do Jacarezinho, a Prefeitura fechou quinze escolas por tempo indeterminado. A mesma operação também prendeu um soldado do Exército, que se tornou informante dos traficantes – não importa se é um ou se são mil militares a delinquirem, o desgaste para a instituição é o mesmo. Esse é um dos riscos do uso das Forças Armadas como polícia. Contra essa atuação, em seus mais diversos aspectos, com razão tem se manifestado reiteradamente o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas.

COMPORTAMENTO
O eclipse de Trump



A loucura e a falta do que fazer do presidente dos EUA, Donald Trump, não têm limites. Mais uma prova disso veio na semana passada – e pelo seu brinquedinho favorito, o Twitter. Ele compartilhou uma montagem de fotos na qual a imagem do ex-presidente democrata Barack Obama vai ficando paulatinamente encoberta. E encoberta por quem? Pela imagem de Trump, é claro. Chama-se Jerry Travone o twitteiro que publicou pela primeira vez a piada sem graça. Sob as fotos lê-se: “melhor eclipse de todos os tempos”.

CRISE
Sem dinheiro para fiscalizar trabalho escravo e infantil

O Ministério do Trabalho assegurou há dois meses que jamais suspenderia as ações de fiscalização referentes ao trabalho escravo e infantil no País. Na semana passada, porém, o chefe da Divisão para Erradicação dessa forma de exploração humana, André Roston, declarou que no Pasta não há “um centavo” para novas inspeções. A quantia de R$ 10 milhões que chegou a ser anunciada não saiu. Mais: tudo o que havia no caixa praticamente já foi gasto. Restaram apenas seis mil reais, equivalentes a dez por cento do montante necessário. No primeiro semestre desse ano foram fiscalizados apenas quarenta e quatro locais sob suspeição de trabalho em regime análogo à escravidão.

DITADURA MILITAR
MPF quer indenização para índios

Divulgação

O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública contra a União e a Funai na Justiça do Amazonas. Quer indenização de cinquenta milhões de reais e pedido oficial de desculpas aos índios da etnia waimiri-atrori pelos danos que eles sofreram durante a ditadura militar que durou no Brasil de 1964 a 1985. A Comissão Nacional da Verdade estima que 2,7 mil índios tenham morrido em conseqüência da abertura da rodovia BR-17, que liga Manaus a Boa Vista. Os procuradores da República pedem a criação de uma instituição que divulgue informações sobre a violação dos direitos dos povos indígenas em todo o País.