Em um discurso de oposição, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse nesta noite de segunda-feira, 24, que a decisão da sigla de fechar questão contra as reformas trabalhista e previdenciária inviabilizam a participação do partido no governo Michel Temer. “O PSB não se vê obrigado em votar matérias que são contraditórias com sua história, com seu programa”, afirmou.

Ele disse que o partido nunca integrou o governo Temer e que nunca solicitou cargos no Executivo, que a escolha do deputado licenciado Fernando Coelho Filho (PE) para o Ministério de Minas e Energia foi decisão pessoal de Temer. “O cargo não é do partido, porque nunca indicou. É do presidente da República, ele tem a plena liberdade para fazer o que desejar”, disse.

Os deputados que votarem contra a orientação do partido estão sujeitos a advertência ou até mesmo expulsão. “Eu aposto na possibilidade que os deputados cumpram a decisão. Esse partido não é um trem descarrilado que se entra sem saber para onde ir. É um partido que tem 70 anos de história e não pode rasgar seu manifesto e seu programa”, declarou. O dirigente disse que quem votar contra a posição do partido estará sujeito ao crivo do eleitor. “A maior punição para eles seria dos seus próprios eleitores. Ninguém ignora que são reformas extremamente impopulares e que a grande maioria está contra elas”, completou.

Siqueira disse que foi procurado por entidades questionando que o PSB não havia se posicionado contra as reformas, já que é um partido que sempre militou na esquerda. Ele disse concordar com a necessidade de reformas, mas não com o texto proposto pelo governo. Em sua avaliação, Temer foi mais ousado que o regime militar ao propor uma reforma “conservadora”. “Nem a ditadura teve essa ousadia. E agora será o senhor Temer, sem nenhum voto para fazer isso? Nós não vamos concordar”, enfatizou.

O presidente do PSB anunciou que o congresso do partido será em outubro e que o recurso do senador Fernando Bezerra (PE) contra as decisões não terá efeito, já que a cúpula do partido descartou a realização de congresso extraordinário.

Um dos vice-presidentes da sigla, o ex-deputado Beto Albuquerque (RS), reiterou que os filiados que ocupam cargos no governo Temer não são indicações do partido, portanto precisam resolver suas situações. “O partido nunca esteve no governo. Esse governo não nos representa”, afirmou. O ex-deputado, que foi vice da chapa presidencial de Marina Silva em 2014, avisou que o Palácio do Planalto já não pode mais contar com os votos da legenda. “É prudente que o Planalto comece a contabilizar votos a menos”, destacou.

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Sobre a reforma política, o partido também decidiu que votará contra a lista fechada e que apoiará o projeto em tramitação na Câmara que propõe a cláusula de barreira e o fim das coligações.


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