O investidor Silvio Tini, dono da holding Bonsucex, que tem participações relevantes em empresas como Alpargatas (calçados), Gerdau e as mineradoras Buritirama e Paranapanema, tornou-se o segundo maior acionista da construtora Rossi, que está em processo de reestruturação de suas pesadas dívidas. Com uma fatia de cerca de 14% na Rossi, Tini começou a comprar ações da companhia em janeiro, desbancando o fundo Vinci, que detém cerca de 9% do negócio. O controle está nas mãos da família Rossi, dona de cerca de 25% da empresa.

O avanço de Tini na construtora, que está há 18 meses em processo de reestruturação, gerou desconfiança no mercado sobre a atuação do investidor, que é conhecido por ter uma postura questionadora nas empresas nas quais tem participação. Ao adquirir participação relevante na Rossi, Tini ganhou direito a indicar um nome para o conselho de administração e outro para o conselho fiscal.

Ao Estado, Tini disse que tinha ações em diversas empresas do setor imobiliário, entre elas PDG (que está em recuperação judicial), Helbor, Even e JHS, mas que decidiu apostar em apenas uma, com potencial de crescimento nos próximos dois a cinco anos. Ele vê a volta da família controladora ao comando do grupo como positiva.

“Eles estão colocando o patrimônio deles em risco. Vejo isso como sinal de confiança de que querem que a empresa volte a se recuperar”, disse.

Novo conselho

Ontem, a companhia confirmou em reunião o nome do empresário João Rossi Cuppoloni como presidente do conselho de administração e de seu filho, Rafael Rossi Cuppoloni, como vice-presidente. José Paim, da consultoria Maxcap Real State, que fazia parte do conselho e da história do grupo ao se tornar sócio minoritário e ajudar a implementar o Plano 100 (projeto voltado à classe média), deixou o conselho.

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Paim teve o contrato de sua consultoria rescindido com o grupo, uma decisão que já tinha sido tomada no fim de 2016, quando a família decidiu voltar ao comando do negócio.

Tini indicou o nome do administrador Fabio Gallo, especialista em finanças, como conselheiro independente. Para o conselho fiscal, o nome de confiança do investidor colocado na empresa é do Massao Oya, especialista em governança corporativa.

Reestruturação. A companhia intensificou nos últimos meses o processo de renegociação de seus débitos com os bancos, que somam cerca de R$ 2,5 bilhões. Deste total, R$ 1,2 bilhão é de dívidas corporativas, referentes à captação de recursos para financiar seus projetos. O Bradesco é o principal credor. A companhia tem ainda mais R$ 1,3 bilhão em débitos, reunidos em Sociedades de Propósitos Específicos (SPEs), que são responsáveis por cada uma de suas obras.

Assim como grandes empresas do setor, a Rossi tomou decisões estratégicas que colocaram em risco a saúde financeira da companhia. A aposta na diversificação geográfica e de produtos para diversos perfis de clientes se mostrou frágil para a companhia, segundo fontes ouvidas pelo Estado.

O grupo é assessorado pela consultoria RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, a mesma que reestrutura a PDG, para alongar suas dívidas e ganhar mais fôlego para seguir adiante. A PDG protagoniza o maior processo de recuperação judicial da história do setor imobiliário – caminho que a Rossi diz querer evitar.

Procurado, Fernando Miziara, diretor financeiro da companhia, afirmou que vê com bons olhos a entrada de acionistas que acreditam na companhia no longo prazo. Miziara disse que o grupo tem buscado negociar com seus principais credores “com objetivo de perenizar a companhia”. “Tinha ações em várias empresas do setor, mas decidi apostar em uma. O setor está um fubá, mas acredito na recuperação da Rossi no médio prazo.”


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