Talvez você conheça Neil deGrasse Tyson, o Carl Sagan do novo milênio.
Astrofísico, cosmólogo, escritor, deGrasse Tyson fundou o Departamento de Astrofísica do Museu
de História Natural de Nova York.
Um de seus maiores talentos é explicar os mistérios já decifrados do universo para nós, reles palpiteiros.
Um de seus momentos mais brilhantes foi a resposta que deu quando questionado sobre a possibilidade de sermos constantemente observados por extraterrestres.
“Nós, humanos, temos 99% de nosso DNA igual
ao dos macacos.
Podemos concluir que nesse unzinho por cento está a diferença entre descascar uma banana e enviar um foguete para Marte; escrever poesias; realizar complexas cirurgias; compor sinfonias; pintar uma obra de arte e por aí vai.
Nesse um por cento reside um abismo de conquistas intelectuais.
Imaginemos, então, que esses extraterrestres, que vieram de um planeta há milhares de anos luz, tenham, digamos, três por cento de diferença entre seu DNA e o nosso.
Suponhamos que o DNA desses ETs seja apenas três por cento diferente do nosso, na mesma direção que o nosso um por cento varia em relação ao do macaco.
Para esses extraterrestres, nossas maiores conquistas não seriam muito mais do que as dos nossos primos símios.
Nada além de macaquices.
Veriam os escritos de nossos maiores gênios como Darwin, Einstein ou Hawking com o mesmo olhar
que vemos um macaco se balançando num galho.
Então eu pergunto: você acha que esses extraterrestres, capazes de viajar pelo universo procurando vida inteligente, nos dariam alguma atenção? ”.
Tenho lembrado dessa explicação sempre que vejo alguma notícia sobre as decisões já tomadas por Donald Trump.
Na segunda-feira passada, com apenas uma canetada, Trump retirou os EUA do Acordo de Associação Transpacífico, que servia como uma espécie de barreira de defesa contra os avanços econômicos da China.
Sua explicação é primária, patética.
Imagina que assim estaria defendendo a indústria americana dos produtos asiáticos, quando, na prática,
a decisão beneficia especificamente a China, que poderá suprir o vácuo deixado pelos EUA nos doze países do bloco.
Para a indústria americana, especialistas concordam, o resultado será desastroso pois, ao contrário do que Trump parece acreditar, os produtos manufaturados modernos são o resultado de uma colcha de retalhos de fornecedores espalhados
por uma infinidade de países.
Acelerar na contra-mão da globalização só trará prejuízos. Mas o inferno tem subsolo.
Na quarta-feira, Trump autorizou a construção do infame muro na fronteira com o México. Não existem palavras que possam qualificar esse ato grotesco de xenofobia. Esse muro é uma vergonha para os EUA e para a humanidade, além de uma agressão ao México. Mais. É um terrível exemplo para o mundo.
Alias, caso deGrasse Tyson esteja equivocado e extraterrestres realmente nos observem, esse seria o momento ideal para ligarem os motores e partirem para outras bandas.
Ou, quem sabe, assumirem o planeta.
Ou, ainda, para não perderem a viagem, focar em espécies mais evoluídas como as que descascam bananas e se balançam em galhos.

Caso Neil deGrasse Tyson esteja equivocado e extraterrestres realmente nos observem, esse seria o momento ideal para ligarem os motores e partirem para outras bandas