Os senadores temem que o apoio à reforma da Previdência leve a uma perseguição por parte dos eleitores. De acordo com uma fonte do Palácio do Planalto, os parlamentares estão preocupados com a pressão, principalmente nas redes sociais, a um ano e meio das próximas eleições. Trata-se de um novo problema para o governo, que surge após o atendimento a um pedido dos deputados para retirar os servidores estaduais e municipais da proposta.

Na terça, o presidente Michel Temer anunciou a retirada dos servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência. Segundo apurou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), a decisão foi motivada por um pedido dos deputados, que estavam se sentindo pressionados em suas bases eleitorais. Alguns chegaram a relatar incômodo por serem alvo de manifestações na porta de suas casas.

Alguns senadores que estiveram no Palácio do Planalto também se preocupam com a possibilidade de ficarem marcados por seu posicionamento a favor da reforma da Previdência. O receio é perder a eleição e, com isso, o direito ao foro privilegiado, em meio às investigações da Operação Lava Jato.

Por estarem no Distrito Federal, os senadores Cristovam Buarque (PPS-DF) e Hélio José (PMDB-DF) são os mais pressionados pelos servidores públicos. Eles relataram que já há outdoors em Brasília e em outras regiões administrativas que criticam os senadores por terem votado a favor da criação de um teto de gastos para a União.

“É preciso um projeto que traga solidez política à opinião pública. Mas a opinião pública é contra esse projeto, inclusive em relação às partes boas dele”, disse Cristovam. De acordo com ele, os senadores relataram que o governo está perdendo a batalha da comunicação sobre o tema.

O senador Hélio José disse que é preciso esclarecer os impactos aos servidores federais na ativa. “Estamos próximos de ficar intransitáveis no DF”, afirmou. Cristovam defendeu ainda regras especiais para aposentadoria dos professores e disse ser favorável à retirada dos servidores estaduais da reforma da Previdência.

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Paralelamente a isso, o governo trabalha para rebater as críticas à mudança anunciada na terça na reforma da Previdência. O objetivo é conseguir aprovar nesta quarta o projeto de lei que regulamenta a terceirização na Câmara, para mostrar ao mercado que o governo continua com a meta de adotar medidas que dinamizem a economia, gerem empregos e ajudem as contas públicas.

Participaram da reunião no Palácio do Planalto com Temer e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, os senadores Airton Sandoval (PMDB-SP), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Cristovam Buarque (PPS-DF), Dario Berger (PMDB-SC), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Elmano Ferrer (PMDB-PI), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Hélio José (PMDB-DF), João Alberto Souza (PMDB-MA), José Agripino (DEM-RN), José Maranhão (PMDB-PB), Maria do Carmo Alves (DEM-SE), Marta Suplicy (PMDB-SP), Raimundo Lira (PMDB-PB), Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Waldemir Moka (PMDB-MS).


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