Na quarta-feira passada, o Quartel-General do Exército, em Brasília, recebeu um telefonema do comandante de uma unidade de Mato Grosso do Sul. Ele pedia ajuda imediata para evitar o corte de luz da organização, responsável pela área de fronteira com o Paraguai, rota do narcotráfico e contrabando de armas. Após mobilização, o Exército remanejou a verba a tempo de impedir que a unidade ficasse no escuro.

A cúpula das Forças Armadas, que estará hoje em cerimônia de apresentação de militares ao presidente Michel Temer, avisou governo e Congresso de que só tem dinheiro até setembro para despesas básicas. Generais dizem que, com os cortes, foram obrigados a usar reservas de combustíveis e armas, pondo em risco a capacidade de “prontidão” das tropas.

Neste ano, o Exército já foi chamado para atender a 13 pedidos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e ações sociais nos Estados, mas ainda precisa receber R$ 36 milhões necessários para essas operações.

O risco de paralisação por falta de verba chegou ao preparo das tropas. Estoques de munição estão na reserva, frota de veículos e barcos depende de renovação, cursos profissionalizantes de recrutas foram suspensos e contratos para substituir fuzis estão congelados.

À reportagem, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, adotou tom diplomático. “O Exército jamais deixará de cumprir suas missões. Os cortes foram muito elevados, fora dos padrões, e, se não forem readequados em curto prazo, terão impacto direto para a continuidade das ações na Força.” O contingenciamento tirou 43,5% dos recursos de investimentos do Exército – de R$ 2,5 bilhões, mesmo valor de 2008, R$ 1,1 bilhão foi retido.

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