O general reformado James Mattis, nomeado na quinta-feira pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para ser seu secretário de Defesa, terá ao menos seis temas complexos sobre a mesa.

Como este ex-marine irá gerir a principal máquina de guerra do mundo?

Irã

Mattis se situa na linha dura a respeito do Irã, país que descreveu como “o ator mais beligerante do Oriente Médio”, cujo governo acusa de financiar as redes extremistas que desestabilizam a região.

O general reformado, que em 2004 dirigiu uma divisão durante a invasão ao Iraque, atribuiu o apoio do Irã às milícias xiitas na província de Al-Anbar a responsabilidade pela morte de alguns soldados americanos.

Em sua opinião, a Casa Branca não faz o suficiente para neutralizar os movimentos militares iranianos na região, pelo qual se prevê que mantenha uma rígida posição contra a República Islâmica.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

E Trump rejeitou o acordo nuclear com o Irã, que Mattis já havia feito.

Derrotar o grupo Estado Islâmico

Durante a campanha presidencial, Trump disse que acabará com o grupo Estado Islâmico (EI), matará os familiares dos suspeitos de terrorismo e irá torturar os prisioneiros.

Entretanto, Mattis declarou que não concordava e o presidente eleito parece ter diminuído as promessas de tortura.

Mattis deverá desenvolver um plano anti-EI muito diferente ao realizado por Barack Obama, que consistia em bombardear posições do grupo, além de treinar e equipar as forças locais para combater os extremistas.

No ano passado, Trump falou em enviar tropas à região para tomar os campos de petróleo, mas em seu plano público não mencionou esta opção.

Explosão do gasto militar?

O Exército americano é o mais poderoso e caro do mundo, com um orçamento de mais de 600 bilhões de dólares e 1,3 milhão de soldados na ativa. Logo após está a China, ainda que seu orçamento anual alcance um quarto do dos Estados Unidos.

Trump disse na quinta-feira, em seu primeiro discurso após a eleição, que sua administração “iniciará um grande esforço nacional para reconstruir nosso exausto exército”: querem mais navios, tropas, aviões e armas.

Seguindo as promessas de Trump, Mattis supervisionaria o aumento dos efetivos no Exército, de 450 mil para 540 mil; e uma ampliação do número de navios e submarinos de 308 para 350.

Não obstante, os planos de Trump para aumentar o gasto requerem a aprovação do Congresso.


Exigências aos aliados

Durante a campanha, Trump acusou os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e seus aliados asiáticos de não contribuírem o suficiente para as alianças. Mas desde que foi eleito, voltou atrás em algumas falas. Uma das principais tarefas de Mattis será esclarecer com seus aliados qual é a postura da nova administração.

Afeganistão

Quinze anos e bilhões de dólares depois da invasão liderada pelos Estados Unidos, o país continua em uma situação de tensão e as forças de segurança afegãs tentam conter os talibãs.

Obama se viu obrigado a desacelerar o plano de retirada das tropas, criticado por Mattis, deixando 8.400 soldados no país quando sair da Casa Branca.

“Deixaremos de tentar derrubar regimes e governos”, disse Trump na quinta-feira. “Nosso objetivo é a estabilidade, não o caos”.

Rússia

Trump elogiou em público a capacidade de liderança do presidente russo, Vladimir Putin, e sua adversária na corrida presidencial, Hillary Clinton, o acusou de ser uma “marionete” deste inimigo de longa data dos Estados Unidos.

Fica por ver se Trump pedirá a Mattis que encontre formas de coordenar melhor com a Rússia posições na Síria – Moscou apoia diplomática e militarmente o regime de Bashar al-Assad – e outros locais, algo inimaginável no passado para o Exército americano.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias