O secretário americano de Energia, Rick Perry, disse nesta terça-feira que os Estados Unidos deveriam permanecer no Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas e renegociá-lo, ao invés de se retirar desse pacto global para reduzir as emissões de gases poluentes.

“Não vou dizer ao presidente que abandonemos o acordo. Mas lhe direi que provavelmente precisaremos renegociá-lo”, disse Perry, o primeiro membro do governo de Donald Trump a sugerir a permanência de Washington no pacto.

Em um painel sobre investimentos em energia, Perry criticou especialmente a Alemanha, por considerar que o país, enquanto fecha usinas nucleares, aumenta as emissões pela utilização de tecnologias inadequadas.

“Meu ponto de vista é: não assine um acordo e espere que nós permaneçamos nele se você não vai participar dele realmente e ser parte do acordo”, expressou o secretário americano.

Segundo Perry, os Estados Unidos estão realizando “ações por um impacto positivo”.

“Precisamos nos sentar, e eles precisam ser sérios em relação a isto”, acrescentou.

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Durante a campanha eleitoral, Trump sugeriu a retirada dos Estados Unidos do acordo global alcançado em Paris, que obriga os países a manter um plano de redução de emissões.

Trump nunca escondeu que não acredita nas mudanças climáticas, e chegou a dizer que estas são um “mito” criado pela China para prejudicar a indústria americana.

Ao mesmo tempo, prometeu reduzir drasticamente a contribuição americana aos programas das Nações Unidas relacionados às mudanças climáticas.

Pouco depois de assumir a presidência, Trump se comprometeu a reativar a indústria do carvão, que durante os anos do presidente Barack Obama tinha sido minimizada, como parte dos compromissos de reduzir as emissões.

– Divergências –

No entanto, o porta-voz da presidência, Sean Spicer, disse no final de março que o presidente adotaria uma decisão definitiva sobre a permanência ou não no Acordo de Paris antes da cúpula do G7, que se realizará em 26 e 27 de maio em Taormina, Itália.

“Atualmente estamos analisando questões relacionadas com o acordo e esperamos chegar a uma decisão até a cúpula do G7 (na Itália) no final de maio, se não antes”, disse Spicer.

O novo diretor da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Scott Pruitt, defendeu há duas semanas que Washington simplesmente se retire do acordo.

“Para mim, os Estados Unidos devem sair”, disse Pruitt durante uma entrevista, por considerar que se trata de “um mau negócio” para o país permanecer preso aos compromissos desse acordo.

O tema ainda gera divisões dentro do governo. O chefe de Estratégia da Casa Branca, Steve Bannon, é propenso a uma retirada, como propôs Pruitt, mas o secretário de Estado, Rex Tillerson, ex-presidente da petroleira ExxonMobil, defende o acordo.

A posição de Tillerson é apoiada pelo casal Ivanka Trump e Jared Kushner – a filha e o influente genro do presidente -, aos que Trump sempre escuta, segundo fontes citadas por meios americanos.


A ExxonMobil, que apoia o pacto de Paris, enviou em março uma carta à Casa Branca na qual reiterou sua posição, afirmando que os “Estados Unidos estão em boa posição para ser competitivos no âmbito desse acordo”.


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