A Itália registra uma das secas mais graves da sua história recente: dez regiões pedem que seja declarado o estado de calamidade natural, o campo denuncia danos consideráveis, Roma planeja racionar a água corrente e o Vaticano corta o abastecimento de suas fontes.

A nova emergência que atinge a península italiana é fruto de uma temporada particularmente seca.

Segundo os cálculos oficiais, nos últimos seis meses a Itália perdeu o equivalente a 20 bilhões de metros cúbicos de água, algo tão grande como o lago de Como, no norte do país.

Segundo a agência nacional de meteorologia, a Itália viveu neste ano a segunda temporada mais seca dos últimos 60 anos e recebeu 33% menos de chuvas em relação aos anos anteriores.

Cerca de 300 das famosas fontes públicas da capital já foram desligadas, e este número deve aumentar.

As fontes históricas dos escultores do século XVII Carlo Maderno e Gian Lorenzo Bernini na Praça de São Pedro estavam secas nesta terça-feira, após o Vaticano decidir cortar seu abastecimento.

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A região do Lácio está considerando racionar a água em Roma a partir de sábado para 1,5 milhão de habitantes por até oito horas por dia, embora o prefeito da cidade seja contrário à proposta.

Apesar do ministro do Meio Ambiente, Gian Luca Galletti, desejar evitar qualquer alarmismo, as perdas no setor agrícola e pecuário já ultrapassam dois bilhões de euros.

A situação do rio Pó, o maior da Itália, do qual depende 35% da produção agrícola nacional, é preocupante. Seu nível baixou 50 centímetros em comparação com o do ano passado no mesmo período, segundo Coldiretti, o maior sindicato agrícola do país.

Dez das vinte regiões italianas pediram que se declare zona de desastre natural, o que implica a suspensão do pagamento de impostos para os agricultores e o acesso a um fundo de compensação.

Para alguns especialistas não se trata apenas dos efeitos das mudanças climáticas, mas também da má manutenção do sistema hídrico e dos abusos, como a criação de campos de golfe em terras desérticas.


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