A saúde de Hillary Clinton se converteu em novo alvo de ataque da campanha de Donald Trump e, para semear dúvidas, partidários do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos espalham as versões mais alarmistas e fantasiosas.

“Ela não tem a resistência física, nem mental” necessária para ser presidente, reiterou nos últimos dias o candidato republicano, quando Hillary viaja há meses e durante os fins de semana coleta fundos para sua campanha. “Onde está Hillary? Ela dorme!!!!”, escreveu Trump no Twitter.

Mas pessoas próximas a ele vão além. “Penso que Hillary está cansada… parece doente”, declarou na segunda-feira Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York, à rede conservadora Fox News.

No dia anterior, já havia afirmado – também na Fox – que “a imprensa não destacou alguns sinais de doença nela”. “Basta entrar na internet (…) busquem ‘Hillary Clinton doença’ e olhem os vídeos”.

Uma porta-voz da campanha de Trump, Katrina Pierson, que não é médica, já havia diagnosticado Hillary com “disfasia” (dificuldade para falar) na semana passada.

No entanto, segundo sua médica pessoal, Lisa Bardack, Hillary Clinton está “em excelente condição física e apta para desempenhar o cargo de presidente dos Estados Unidos”, lembrando que não apresenta nenhuma sequela de uma concussão cerebral que sofreu no fim de 2012.

Febre alarmista

As declarações de Giuliani, divulgadas pela Fox no Twitter, são acompanhadas por fotos que mostram Hillary com olheiras, ou surpreendentemente pálida, assim como uma montagem na qual sacode estranhamente a cabeça várias vezes.

Alguns de seus opositores não hesitam em falar de Parkinson, epilepsia, transtornos neurológicos, relacionando-os em alguns casos com a passada concussão cerebral. Tropeçou, tossiu, se senta brevemente em um tamborete? São apenas outros sinais que, segundo eles, confirmam suas especulações.

Alimentando esta febre alarmista, o site conservador Breitbart, de Steve Bannon, o novo diretor-geral da campanha de Trump, afirmou neste fim de semana que “a saúde de Hillary está se convertendo em um grande tema” da corrida em direção à Casa Branca.

Para ilustrar isso citou vários termos chave nas redes sociais, principalmente #HillaryHealth (“Saúde de Hillary”) e #HillaryStools (“Tamboretes de Hillary”).

A carta de sua médica do ano passado seria, consequentemente, “uma fachada”, acrescentou.

Bardack havia afirmado em julho de 2015 que Hillary estava “em excelente condição física”, declaração que reiterou ante os rumores.

A médica lembrou que depois da concussão cerebral sofrida no fim de 2012, um exame realizado em 2013 “mostrou uma resolução completa de todos os efeitos da concussão e uma dissolução completa do coágulo”.

Segundo Jeanne Zaino, especialista em política do Iona College de Nova York, o tema da saúde dos candidatos à presidência é uma questão “séria e normal. Uma pessoa quer estar segura de que a pessoa por quem vota pode fazer o trabalho”.

Principalmente quando Trump, de 70 anos, seria o presidente mais velho a entrar na Casa Branca, e Hillary a segunda depois de Rolang Reagan, que tinha 69 anos e 11 meses quando chegou ao poder.

Mas, segundo Zaino, os ataques sobre a saúde de Hillary não devem ter muitos efeitos negativos, salvo algum acontecimento inesperado.

“Se uma pessoa é objetiva, é difícil dizer que uma ou outra careçam de resistência”, ressaltou.

“Mas isso lhes permite sair do tema dos impostos”, lembrou, referindo-se à negativa de Trump de publicar sua declaração de renda.