No próximo domingo 16 começa o horário de verão. Isso significa que à 0h de domingo, todos os relógios nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste devem ser adiantados em uma hora. A mudança pode ter impacto sobre a saúde dos brasileiros. E uns sentem mais o impacto do que outros. Mas há o que fazer para diminuir o desconforto.

De acordo com Andrea Bacelar, neurologista e membro da Diretoria da Associação Brasileira do Sono (ABS), o corpo se acostuma com cerca de 15 minutos de alteração em seus horários a cada dois ou três dias. Dessa forma, o ideal é que os mais sensíveis já comecem a mudar seus horários para encaixar esses 60 minutos de alteração nos dias que antecedem a mudança. Assim, na segunda-feira, primeiro dia útil do novo horário, o sofrimento é menor. “Mas nesta primeira semana, é inevitável que as pessoas durmam um pouco menos”, diz Andrea.

A boa notícia é que, mesmo para aqueles que não conseguirem antecipar a adaptação, em oito ou 12 dias, todos os 60 minutos de alteração terão sido absorvidos pelo corpo.

Confira, abaixo, dicas gerais para minimizar os efeitos da mudança de horário. No fim da matéria, leia dicas específicas para crianças, idosos e insones, além de análise sobre os impactos econômicos do horário de verão e como a eficiência da medida vem sendo questionada mundo afora.

Dicas gerais para minimizar os efeitos do horário de verão

Alimentação
Evite alimentação volumosa e calórica próximo do horário de se deitar. Uma alimentação saudável e equilibrada faz diferença como um todo, mas no horário de verão, a alimentação desequilibrada pode atrapalhar a adaptação à mudança de horário.

Hidratação
Beba água em volume adequado para manter o corpo hidratado – ainda mais agora, que as temperaturas começam a subir. A água ajuda a regular a temperatura corporal, a eliminar toxinas e manter o metabolismo em ritmo regular – o que ajuda na adaptação.

Atividade física
Durante a adaptação ao novo horário, prefira concentrar as atividades físicas no período da manhã. Se isso não for possível, evite atividade física quatro horas antes de se deitar. O exercício aumenta a temperatura corporal e, por ser feito ao ar livre, expõe os corpo à liz do dia, o que pode influenciar, negativamente, o sono.

Banho
Um banho morno, mesmo no verão, ajuda no sono, já que um corpo aquecido tende a resistir menos à sonolência.

Cafeína
Interrompa o consumo de café e bebidas cafeinadas depois do almoço. Essas substâncias são excitantes do sistema nervoso central e mesmo o cafézinho de fim de tarde pode prejudicar o início do sono. A cafeína inibe a produção de um peptídeo no organismo chamado adenosina, que acumula ao longo do dia e ajuda no sono.

Rotina
Mantenha a rotina e a regularidade de seus hábitos tanto durante a semana quanto no final de semana. Mesmo que 6 horas da manhã sejam 5 horas da manhã para o seu relógio biológico, não dê o braço a torcer. Se possível, evite dirigir longas distâncias, iniciar processos complicados ou tomar decisões importantes.

Dicas específicas para minimizar os efeitos do horário de verão

Insones
Podem recorrer aos óculos escuros no fim da tarde e até à noite, além de buscar lugares mais fechados quando o sol do fim do dia ainda estiver brilhando. Evitar a luz azul artificial, emitida por televisões, smartphones, tabletes e computadores também é recomendável. Os insones devem procurar ajuda médica independentemente do início do horário de verão.

Crianças
Se possível, os pais devem adiantar o horário do sono em 15 minutos quatro dias antes da virada do horário de verão – isso vai ajudar na adaptação à mudança, que será mais impositiva nos dias úteis. Aparelhos que emitem luz azul também devem ser evitados. As crianças, porém, sempre sentirão um pouco mais a mudança.

Idosos
Os idosos já têm tendência de dormir e acordar cedo. Assim, idosos saudáveis podem até se beneficiar do novo horário, pois terão uma hora a mais de convívio com familiares, sem grandes prejuízos à saúde.

Horário de verão e acidentes
Alguns estudiosos da área da cronobiologia do sono questionam as vantagens do horário de verão, já que levantamentos feitos no exterior apontam um aumento no número de acidentes de trânsito na primeira semana em passa a vigorar o novo horário. A lógica é que, como há menos horas de sono – e o sono que se tem é de qualidade inferior – registra-se mais cansaço, sonolência, irritabilidade, diminuição dos reflexos e danos à memória. “Nós lidamos com uma população que dorme pouco. A privação do sono já é um problema do mundo moderno e uma hora a menos afeta, imediatamente, o dia seguinte”, diz Andrea Bacelar, da Associação Brasileira do Sono (ABS). Ela aproveita para lembrar que 20% da população brasileira tem insônia,

O horário de verão
O horário diferenciado é uma estratégia para a economia de energia adotada no Brasil desde 1931 e reduz o consumo quando a demanda é maior – entre as 18h e às 21h, o chamado horário de pico ou de ponta.

O horário de verão é uma forma de redistribuir essa coincidência de consumo pelo território nacional para não sobrecarregar as geradoras e distribuidoras de energia. Por isso, só as regiões mais distantes da linha do equador adotam o horário, pois são áreas em que o dia tem duração mais longa o que acaba reduzindo o período de demanda por iluminação.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME) a previsão é de que o sistema elétrico nacional tenha um ganho de R$ 147,5 milhões no período em que vigora o horário de verão e que vai até o dia 19 de fevereiro de 2017. Em 2015, o ganho foi de R$ 162 milhões.