Quem será o próximo? Depois de nove mortes de autoridades russas em circunstâncias nem sempre bem explicadas, um alerta vermelho paira sobre a administração Vladimir Putin. O embaixador da Rússia no Sudão, Migayas Shirinskiy, foi o mais recente da lista de autoridades do país que perderam a vida em circunstâncias misteriosas. Antes, o ex-deputado Denis Voronenkov fora baleado no centro de Kiev, capital da Ucrânia. Em fevereiro, o embaixador russo para as Nações Unidas, Vitaly Churkin, morreu em seu escritório em Nova York, vítima de um suposto ataque cardíaco. Como eles, outras seis autoridades morreram em situações nebulosas.

Por terem ocorrido em menos de um ano e envolverem altos cargos da política, os casos poderiam indicar “queima de arquivo”. Mas há poucos elementos para sustentar a teoria: entre as vítimas, há tanto quem tenha histórico favorável quanto contrário a

TIROS Corpo do ex-deputado russo Denis Voronenkov, baleado em Kiev (Crédito:Vladimir Shtanko / Anadolu Agency)

Putin. A execução de Voronenkov é um caso emblemático. Por um lado, há hipóteses de que sua morte teria sido orquestrada por agentes russos. Por outro, autoridades russas alegam que ele teria sido vítima de algum desafeto por manter negócios duvidosos. “O caso foi aproveitado por ambos os países: para a Rússia, ajudou a demonstrar a falta de segurança em Kiev; para a Ucrânia, serviu para acusar a Rússia de assassinato”, diz Victor Jeifets, professor da Universidade Estatal de São Petersburgo. Já a morte do diplomata Churkin foi considerada umas das perdas mais significativas. Defensor convicto das políticas de Putin, ele ganhou destaque em 2016 ao defender o bombardeio a Aleppo, na Síria.

O Kremlin, segundo Levaggi, teme que o encadeamento desses fatos possa impactar negativamente no governo de Putin, justamente em um momento em que o país está sob observação dos Estados Unidos e da Europa por suposto envolvimento em processos eleitorais. “Há uma falência no sistema de monitoramento de figuras diplomáticas de alto nível”, disse à ISTOÉ o pesquisador da Universidade de Koç, na Turquia, Ariel González Levaggi. “Agora, os organismos de segurança interna estão mais atentos.”

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias