Rogério Micale ainda não bateu totalmente o martelo. Mas está inclinado a designar Neymar como capitão da seleção olímpica do Brasil nos Jogos do Rio. Fernando Prass também lhe agrada e sua admiração pelo goleiro do Palmeiras cresceu com a convivência na Granja Comary, em Teresópolis (RJ). A maneira como o atacante vem se comportando, porém, está reforçando no treinador a convicção de que com ele a “capitania” ficará em boas mãos.

A decisão será tomada nos próximos dias. O Brasil faz amistoso neste sábado contra o Japão, em Goiânia, e a equipe já terá seu capitão. A estreia na Olimpíada será em 4 de agosto contra a África do Sul, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Micale considera que em competições como a Olimpíada o cargo de capitão é mais simbólico – não existe taça para levantar e todos ganham medalha -, mas sabe que há influência no grupo. Neymar tem se comportado como um líder nos treinamentos. Conversa com os jogadores, brinca com eles, dá dicas, enfim mostra ascendência.

Fernando Prass é mais calado, fala mais com os defensores, mas também “caiu nas graças” do grupo. Tudo isso tem sido levado em consideração por Micale, que no entanto procura não dar importância superlativa ao assunto. “Essa faixa é só uma exposição pública”, considerou o treinador. Ao chegar a Teresópolis, ele disse que iria ter uma “conversa olho no olho” com Neymar antes de tomar a decisão. Disse também que gostava do jeito “agregador” de Prass. Passada a primeira semana de treinamentos, já tem o caminho a seguir.

A opção por Neymar passa também pela admiração e o respeito que os outros jogadores têm por ele. “Eu me inspiro nele, ele vai ser o melhor do mundo. Eu não o conhecia de perto, é humilde, inteligente, educado, brincalhão, é um moleque, fico muito feliz”, elogiou nesta segunda-feira o volante Thiago Maia, do Santos.

Outro fator que conta a favor do atacante é que Micale tem feito de tudo para que se sinta à vontade e motivado na seleção olímpica. E tirar a faixa de capitão poderia ser entendido por ele como um sinal de desprestígio. “Com o Neymar bem, nós estaremos bem, ele representa o que há de melhor no futebol brasileiro. Queremos ele feliz para trabalhar, assim vai nos dar retorno formidável”.

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O treinador, porém, não quer que Neymar se sinta sobrecarregado na seleção. Essa talvez seja a única dúvida que ele tem em relação a dar a faixa para o atacante. Nos últimos anos, na seleção principal, ele foi tido como uma espécie de salvador da pátria e acabou sobrecarregado. Micale, assim, deverá ter uma última conversa com o jogador sobre o tema. Se sentir nele conforto em ser o capitão, vai bater o martelo.

Ainda assim, a liderança de Fernando Prass não será relegada a segundo plano. A experiência do goleiro, a maneira como lida com os mais jovens também é considera por Micale essencial para uma boa participação da seleção na Olimpíada. Além disso, Prass, estreante em seleções, concorda com o treinador que não é preciso ter faixa para se comportar como líder.

Neymar foi o capitão da seleção principal sob o comando de Dunga sempre que esteve presente no jogos. No entanto, o treinador estava decidido a tirá-lo da função. Entendia que estava faltando “comprometimento” a ele, principalmente depois de ter se desligado da seleção antes do jogo contra o Paraguai pelas Eliminatórias, em março, porque estava suspenso – recebera o segundo cartão amarelo na partida contra o Uruguai. Dunga se foi e a situação mudou.

TIME QUASE PRONTO – Rogério Micale só tem uma dúvida para definir o time da Olimpíada. Ainda não decidiu se o volante será Thiago Maia, Rodrigo Dourado ou Walace. Contra o Japão, neste sábado, a equipe terá Fernando Prass; Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos; Thiago Maia (Rodrigo Dourado), Rafinha Alcântara e Felipe Anderson; Gabriel Barbosa, Gabriel Jesus e Neymar.

Nos Jogos, Renato Augusto assumirá a posição de Felipe Anderson – a não ser que se apresente com algum problema físico. O meia que está no futebol chinês se reúne ao grupo na noite desta quarta-feira, já em Goiânia.


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