Depois de quase três horas de reunião na sede da prefeitura de Manaus, os sindicatos dos rodoviários e das empresas de ônibus da cidade decidiram levar a discussão do reajuste salarial da categoria para a Justiça do Trabalho. A reivindicação de aumento de 12% e de adicional de insalubridade motivaram uma paralisação de 100% da frota na manhã de hoje (26). A greve só foi interrompida após intervenção do prefeito Arthur Neto, que intermediou as negociações.

“Houve um comum acordo para irem a Justiça. A decisão será da Justiça com direito da parte perdedora de recorrer a instâncias superiores. Já vimos com esse diálogo há muito tempo. E hoje conseguimos fechar um acordo. Manaus pode respirar aliviada porque não seria bom para ninguém, nem para o patronal, nem para o sindicato dos trabalhadores, que a greve durasse dias”, destacou o prefeito.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Manaus, Givancir de Oliveira, era esse o acordo esperado pela categoria na reunião.

“O Sinetram [Sindicato das Empresas do Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas] reconheceu o seu erro e nos deu o comum acordo, que é um documento jurídico que vai legalizar o julgamento do dissídio coletivo, garantindo assim pagamentos retroativos, caso o tribunal passe dois, três ou quatro meses para julgar. Era tão somente isso que a categoria queria: garantir que esse julgamento fosse de igual para igual, coisa que não estava antes”, ressaltou Givancir.

O assessor jurídico do Sinetram, Fernando Borges, disse que a entidade tentava um acordo extrajudicial com os rodoviários.

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“Nós entendíamos que a negociação extrajudicial poderia continuar e chegarmos a um bom termo dessa forma. Todavia, com a mediação do prefeito, apressou-se esse processo e ele funcionou como um fiador desse acordo, no sentido de garantir que uma eventual decisão do tribunal possa ser cumprida em termos econômicos”, explicou Borges.

Os rodoviários paralisaram o serviço, entre meia-noite e 11h, contrariando uma liminar concedida no domingo (25) pelo Tribunal Regional do Trabalho que impedia qualquer paralisação da categoria e ainda determinava multa de R$ 100 mil por hora.

Mais de 1.300 coletivos deixaram de circular, prejudicando cerca de 400 mil pessoas. Para amenizar o problema, a prefeitura de Manaus disponibilizou os micro-ônibus do transporte alternativo que normalmente só circulam pela zona leste. Foi o que ajudou a autônoma Elcione da Silva Pereira, depois de esperar várias horas na parada de ônibus.

“Foi muita dificuldade. Fiquei mais de duas horas no meu bairro e não passou. Subi para o Manoa [bairro] e ainda fiquei das 8h às 9h30. Desci lá no centro e vi andando para cá”, contou a moradora.

Por causa da paralisação, a Defensora Pública do Estado e o Procon do Amazonas entraram com uma petição na Justiça Trabalhista solicitando a prisão da diretoria do Sindicato dos Rodoviários por descumprimento da ordem judicial e das normas que disciplinam movimentos grevistas, como avisar a população com 48 horas de antecedência. De acordo com o Sinetram, essa foi a 43ª vez, só neste ano, que a categoria parou o transporte coletivo na capital amazonense.


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