RITMO Janis Joplin com seu carro psicodélico e no carnaval do Rio de Janeiro: samba, namoro e nada de droga pesada
RITMO Janis Joplin com seu carro psicodélico e no carnaval do Rio de Janeiro: samba,
namoro e nada de droga pesada (Crédito:ARQUIVO/AE)

Oito meses antes de morrer de overdose, Janis Joplin veio ao Brasil para acalmar seus demônios e ficar longe das drogas – sobretudo a heroína, dose diária de delírio e morte que os roqueiros de sua geração punham no sangue todos os dias. Pouco adiantou. Foi a heroína que a matou no dia 4 de outubro de 1970. A americana Janis Joplin tinha então 27 anos. Ela era e sempre será uma das melhores e mais originais cantoras que já varreu o mundo como um furacão – uma espécie de Amy Winehouse, na voz e na depressão e na dependência química, amplificada um milhão de vezes. A sua passagem pelo Brasil, onde curtiu o Carnaval do Rio de Janeiro e viajou de moto pelo Nordeste, foi um dos últimos episódios felizes na vida. Aqui foi tratada como era nos quatro cantos do mundo: a “rainha do rock and roll”.

2430-CULTURA-03
ARQUIVO/AE

Isso fica claro no documentário “Janis: Little Girl Blue”, que estreia nas telas dos cinemas brasileiros na quinta-feira 7. Foi na praia de Ipanema que a hippie e psicodélica Janis conheceu o americano David Niehaus, o seu último namorado. Foi na praia de Ipanema que Janis conheceu e envolveu-se sexualmente com cantor brasileiro Sergei (ótimo para ele porque isso deu-lhe fama, mas o artista foi absolutamente nada na vida da cantora, a ponto de sequer ser citado no documentário). Foi na praia de Ipanema que Janis conheceu um pouco de calmaria na montanha russa de sua vida. Foi na praia de Ipanema que Janis deu um tempo com a drogas.

“Na primeira noite em que estive com Janis Joplin no hotel, ela estava agitada, andava de um lado para o outro e sentia calafrios. Era a abstinência”, contou Niehaus à roteirista e diretora do filme, Amy J. Berg. “Depois disso ela se tornou uma outra pessoa, muito mais calma e bonita”. No documentário há imagens da cantora fazendo topless na praia da Macumba, assistindo aos desfiles das escolas de samba, circulando pela área da piscina do Copacabana Palace. “Nós nos tornamos inseparáveis. Até então eu não tinha conhecido uma mulher que me inspirasse tanto”, diz Niehaus.

CARTAZ Ficou de fora do filme o artista brasileiro que ela promoveu ao fazer sexo com ele
CARTAZ Ficou de fora do filme o artista brasileiro que ela promoveu ao fazer sexo com ele

O romance, no entanto, não sobreviveu às recaídas da cantora que voltou às drogas assim que desembarcou em Los Angeles. Após a separação, ela dizia que “Niehaus era um homem que só pensava em se aventurar pelo mundo”. Somente na manhã seguinte à morte de Janis, no quarto 105 do Landmark Motor Hotel, em Los Angeles, é que foi encontrado na recepção um telegrama do ex-namorado. Ele escrevera que a vida não era a mesma sem ela e que queria reencontrá-la no Nepal. Tarde demais. A overdose triunfara durante a separação do casal.

O documentário traz imagens inéditas de Janis: trechos de shows, de ensaios e material de bastidores, tudo costurado pela narração da cantora Cat Power a partir de cartas da estrela do rock a seus familiares, que moravam no Texas. “Janis: Little Girl Blue” é, assim, um retrato íntimo da artista que escreveu o papel da mulher no rock. Há material suficiente sobre a sua música e a s ua carreira, que floresceu no final dos anos 1960 quando Janis se tornou um ícone da contracultura. O foco é a vida pessoal, na sua faceta mais frágil e humana. Um de seus gritos de guerra nos palcos era: “você pode destruir o seu hoje pensando no amanha”. Era um lema de autodestruição. Assim viveu e morreu a “rainha do rock and roll”.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias