Um robô conseguiu costurar duas parte de um intestino de porco – um avanço para o complicado campo da cirurgia de tecidos moles, anunciaram pesquisadores americanos nesta quarta-feira.

A máquina, chamada de Robô Autônomo de Tecido Inteligente (STAR, na sigla em inglês), não exclui a necessidade de um cirurgião qualificado, mas atua como um ferramenta para melhorar a precisão da costura, segundo um artigo publicado no periódico científico Science Translational Medicine.

O estudo mostrou que a performance do STAR supera a de cirurgiões especializados e a de uma conhecida ferramenta robótica para cirurgias, já no mercado, chamada de Robô Da Vinci, que o cirurgião segura com as mãos e usa para fazer pequenas incisões em operações como a extração de útero.

Até o momento, cirurgias robóticas contavam amplamente com a experiência do cirurgião, e os resultados variavam de acordo com as habilidade do médico, afirmaram os pesquisadores.

O tecido mole é particularmente complicado porque é maleável e movediço.

Mas ser capaz de aprimorar essa técnica “poderia reduzir potencialmente as complicações e aumentar a segurança e a eficácia das cirurgias de tecido mole, que são feitas cerca de 45 milhões vezes por ano nos Estados Unidos”, afirma o estudo realizado por médicos do Sistema Nacional de Saúde da Criança, em Washington DC, e da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, no estado de Maryland.

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O STAR foi testado em um procedimento chamado anastomose, que é feito após o cirurgião ter aberto o corpo do paciente e concluído o objetivo principal da cirurgia – por exemplo, a retirada de um tumor do intestino. Ele, então, reconecta duas partes, “como se tentasse montar uma mangueira de jardim que foi cortada”, explicou o coautor do estudo, Ryan Decker.

A anastomose é realizada mais de um milhão de vezes por ano nos Estados Unidos, em operações urológicas e ginecológicas, assim como em cirurgias no intestino.

Cerca de 30% das anastomoses gastrointestinais “são complicadas por vazamentos, contrações e estenoses” (estreitamentos), de acordo com um comunicado do Sistema Nacional de Saúde da Criança.

Para o estudo, cirurgiões fizeram marcações fluorescentes nos vasos a serem costurados, e o robô as seguiu, mostrando que poderia fazer pontos mais consistentes e uniformemente espaçados, ou suturas, do que um cirurgião humano, disse Decker a repórteres.

“Se você tem uma sutura mais consistente, tensionada e uniforme em torno desta mangueira de jardim, ela vai ser capaz de resistir a uma maior pressão de ruptura”, disse Decker.

“Isso é o que aconteceu com a nossa anastomose. Essas costuras nos vasos foram capazes de resistir a uma pressão de ruptura maior do que as que foram feitas por cirurgiões”, prosseguiu.

Os porcos sobreviveram à cirurgia e não apresentaram complicações após uma semana.

Os pesquisadores destacaram que os cirurgiões estavam atentos à maquina enquanto esta costurava, e poderiam interrompê-la rapidamente se houvesse algum erro.

O sistema STAR está provavelmente a anos de ter seu uso disseminado. Os pesquisadores acreditam que será necessário fazer testes clínicos para avaliar a segurança da máquina em seres humanos antes que ela possa ser aprovada pelas autoridades reguladoras.

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