O estado do Rio de Janeiro registrou, no mês de maio, o recorde de 96 transplantes de córnea. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2017 já são 345 procedimentos desse tipo. Em 2009, ano anterior à criação do Programa Estadual de Transplantes (PET), foram feitos 88 transplantes de córnea em unidades de saúde do estado. “É um número para ser comemorado, marca superior à anual que se fazia aqui, no estado”, disse hoje (19) o coordenador do PET, Rodrigo Sarlo.

“Estamos em um ritmo de crescimento de transplantes de córnea”, comemorou. Ele disse que 2016 foi o segundo ano consecutivo em que foram batidos recordes desses procedimentos. No ano passado foram feitos 575 transplantes. Este ano, a projeção é fechar o primeiro semestre com 370 cirurgias de córnea, alcançando mais de 700 no final de 2017.

Sarlo explicou que a córnea é considerada um tecido não vascularizado e sua captação não precisa acontecer em situação de morte encefálica exclusivamente, como ocorre com órgãos como coração, fígado e rins, entre outros, que só podem ser doados em casos de morte cerebral. As córneas podem ser doadas também em casos de morte resultantes de parada cardíaca.

Segundo o coordenador do PET, o transplante de córnea é mais eletivo. A córnea não sai do doador e vai imediatamente para o receptor. “Ela passa por um banco para processamento, análise, e é liberada alguns dias depois”. Outros órgãos, como coração, necessitam ser captados em vigência de circulação sanguínea. Para isso, a morte encefálica é fundamental.

Fila de espera

A fila para transplante de córnea no estado do Rio de Janeiro chegou a ter um longo tempo de espera, em torno de dez anos. Hoje, ela é de um ano e meio. “Tem mais de mil pacientes na fila”.

Sarlo disse que, no entanto, o número maior de inscrições registrado nos últimos dois anos resultou da maior credibilidade oferecida pelo programa, “principalmente da comunidade oftalmológica, que encaminhava os pacientes para outros estados, porque o transplante funcionava muito pouco aqui no Rio de Janeiro e, agora, tem inscrito os pacientes na lista estadual”.

Sarlo disse que havia uma demanda reprimida. O aumento progressivo do número de transplantes faz a perspectiva do tempo de espera diminuir de forma gradual, acrescentou. “É um desafio diferente. Porque agora é maior o ritmo de inscrições mas, por conta de um sistema que está criando cada vez mais credibilidade”.

Da mesma forma que para a doação de órgãos, a doação de tecidos, como as córneas, exige autorização da família do doador. De acordo com informação da Secretaria de Estado de Saúde, após a captação, que deve ocorrer em até seis horas após o falecimento, as córneas podem ser armazenadas por até 14 dias, facilitando as cirurgias de transplante. Atualmente, o estado do Rio de Janeiro conta com 27 unidades transplantadoras.

O PET tem parceria com dois bancos de olhos no estado. Um deles pertence ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Ministério da Saúde, e o outro ao Hospital São João Batista, de Volta Redonda, centro-sul fluminense.

Cartilha

Em 2014, o PET lançou uma cartilha voltada ao receptor de córnea. O Manual do Paciente de Transplante de Córnea objetiva aprimorar o procedimento no estado. O documento foi criado para informar sobre os processos de doação e transplante com doador falecido e esclarecer dúvidas sobre o tema. A cartilha é para o receptor entender como acessar o sistema, quais são as indicações, quais são as obrigações, deveres e direitos das pessoas. O objetivo é esclarecer como funciona esse processo. Tantos os médicos como os pacientes precisam ter esse esclarecimento para que o sistema possa melhorar a cada dia”, disse o coordenador do PET.

Mais informações podem ser obtidas no endereço eletrônico www.transplante.rj.gov.br.