O caso da morte do empresário Fernando de Arruda Botelho, acionista da Camargo Corrêa, pode sofrer uma guinada, depois das revelações do químico Davincci Lourenço de Almeida à ISTOÉ na edição da última semana. A promotora de Justiça Fábia Caroline do Nascimento vai acompanhar a reabertura do inquérito que está sendo conduzida pelo delegado José Francisco Minelli, de Itirapina. Há cinco anos, acompanhado pelo piloto Sérgio Luiz Robatino, da Morro Vermelho Táxi Aéreo, Botelho fazia voos de demonstração em Itirapina, no interior do Estado, quando o avião T-28 caiu e explodiu, matando os dois carbonizados. Na época, a polícia arquivou o caso, considerado como acidente. Mas com base em depoimento prestado por Davincci Lourenço de Almeida, que era sócio de Botelho numa empresa de produtos químicos, o caso foi reaberto para investigar se o ex-acionista da Camargo Corrêa foi vítima de uma ação criminosa.

EXCLUSIVO ISTOÉ revelou que sócio de acionista da Camargo levou mala para Lula
EXCLUSIVO ISTOÉ revelou que sócio de acionista da Camargo levou mala para Lula

O Ministério Público Estadual (MPE) em Itirapina vai ouvir nos próximos dias o brigadeiro Edgar de Oliveira Júnior, funcionário da Camargo Corrêa, acusado por Davincci de ser o mentor da sabotagem do avião de Botelho. Em entrevista à ISTOÉ na semana passada, Davincci disse que Botelho “foi assassinado” e que tudo foi arquitetado pelo brigadeiro. A promotora não descarta ouvir também a viúva Rosana Camargo de Arruda Botelho e os irmãos do empreiteiro.
Na entrevista à ISTOÉ, Davincci disse também que o crime encobriu um esquema de corrupção e que levou, em fevereiro de 2012, uma mala com dólares a pedido de Botelho para ser entregue ao ex-presidente Lula. Segundo o promotor José Carlos Blat, a investigação relativa ao transporte de dinheiro ficará a cargo do MP Federal.

Ameaças de morte

Ameaçado de morte depois das denúncias feitas à ISTOÉ, Davincci de Almeida deixou o apartamento em que morava em Guarulhos e refugiou-se para outro estado. A entrevista de Davincci deixou o PT em polvorosa. Nas redes sociais, blogs ligados ao partido procuraram desqualificar Davincci, dizendo que ele não teria instrução, como se isso fosse relevante nesse caso. O que o qualifica é o fato de ter sido sócio dos herdeiros de uma das maiores empreiteiras do País, o que a própria Camargo não nega, e uma espécie de faz-tudo de Fernando Botelho, morto no acidente aéreo, tendo morado, inclusive, numa das fazendas da construtora no interior de São Paulo. Ademais, a política brasileira ensina que para entregar mala de dinheiro, fazer parte ou testemunhar crimes de corrupção não é necessário ser p.h.d. Pelo contrário. Que o digam o caseiro Francenildo Costa e o motorista Eriberto.

Morte de Botelho teria encoberto esquema de corrupção na Camargo Corrêa, responsável por envio de mala de dólares a Lula