Ano Novo é sempre sinônimo de esperança, mas 2017 começou assustador para quem esperava dias melhores no Brasil. As rebeliões e os assassinatos de 60 presos no Amazonas desnudaram, mais uma vez, os horrores do sistema prisional brasileiro, que rouba para sempre o futuro de quem cometeu crimes, em vez de ressocializar essas pessoas, dando-lhes uma nova chance de serem cidadãos respeitados e produtivos. A segurança pública, ou a falta dela, tomou o lugar da economia e da política nas manchetes dos jornais, como a lembrar que o Brasil ainda está no tempo das cavernas das civilizações desenvolvidas. O brinde do Réveillon não precisava ser tão amargo.

Enquanto nossos presos fazem mestrado em facções criminosas e decapitam adversários sob a tutela do Estado, aumentando a insegurança da população e das empresas, muitos condenados por roubo e tráfico de drogas saem da penitenciária de Lecce, no sul da Itália, como sommeliers, especializados no serviço do vinho, após curso profissionalizante oferecido em parceria com uma vinícola local. Este é apenas mais um exemplo externo de como o poder público, em associação com as empresas, pode fazer o bem à sociedade. No Brasil, o que mais choca nas revelações da operação Lava Jato é o oposto, a associação criminosa entre donos e funcionários de corporações e agentes do serviço público para roubarem o meu, o seu, o nosso dinheiro.

Dá para fazer diferente por aqui? Obviamente, a resposta é sim. Além de descobrir os malfeitos, punir os culpados e ressarcir a sociedade dos recursos roubados por corruptos e corruptores, o Brasil precisa investir em programas de educação que promovam a cidadania, o respeito permanente ao país e a todos que nascem e vivem aqui. Nas escolas, nas famílias, nas repartições públicas e nas empresas, é preciso valorizar a honestidade, a integridade e a ética – conceitos tão importantes para a construção de um país mais desenvolvido e justo quanto o trabalho duro, a educação, o investimento e a inovação.

É preciso sepultar a Lei de Gerson, o fumante que queria levar vantagem em tudo. O Brasil, com sua imensa riqueza e seus rincões de miséria, ainda é um País em formação e precisa avançar muito para dar o salto econômico e social necessário para acabar com os efeitos vexatórios de centenas de anos de injustiças e desigualdades, que transformam um fascinante mercado de 200 milhões de pessoas numa eterna promessa não cumprida. Felizmente, há sinais de esperança no horizonte, pois os brasileiros e estrangeiros que vivem aqui são, em sua maioria, pessoas honestas, trabalhadores e querem construir uma nação digna do nome. Nem tudo é má notícia.

Nas últimas 1.000 semanas, a revista DINHEIRO – lançada em 1997 pela Editora Três como a primeira revista semanal de economia, negócios e finanças do País – retratou também as ações positivas de governantes e empreendedores que acreditam no Brasil. Nesta edição especial, a reportagem sobre as políticas de diversidade sexual e de gênero nas empresas mostra como se forma um país para todos, não apenas alguns – e ainda se ganha dinheiro fazendo a coisa certa. As outras matérias sobre as transformações na economia e nos negócios nos últimos 19 anos mostram os acertos e os erros ao longo dessa jornada. Se cada um fizer sua parte e der o bom exemplo, construiremos um futuro melhor para nossos descendentes.

 

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