As investigações do escândalo de corrupção na área de transporte sobre trilhos ganharam na semana passada novos desdobramentos. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), sinalizou que desmembrará o inquérito que apura o pagamento de propina a funcionários públicos e políticos. Segundo a denúncia, o dinheiro era pago por empresas interessadas em firmar contratos com o Metrô de São Paulo e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Na prática, a decisão, que só aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República, divide a investigação.Procuradores e promotores paulistas vão investigar criminalmente apenas integrantes sem foro privilegiado do esquema perpetuado em sucessivas gestões do PSDB à frente do Estado. A outra parte da investigação permanecerá em Brasília. Nela aparecem os nomes do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS) e dos secretários do governo Geraldo Alckmin, Edson Aparecido (PSDB); da Casa Civil, Rodrigo Garcia (DEM); do Desenvolvimento Econômico, e José Anibal (PSDB), da Energia. Os quatro foram acusados pelo ex-dirigente da Siemens, Everton Rheinheimer, de receber suborno. Em depoimento à Polícia Federal, o executivo relata ter acertado pessoalmente o pagamento de propina com Rodrigo Garcia. Na época, o secretário de Alckmin comandava a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa de São Paulo. Everton também afirma ter negociado suborno com um intermediário do secretário de Energia, o tucano José Anibal. Todos negam qualquer envolvimento com o escândalo de corrupção.

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PROXIMIDADE
Governador Geraldo Alckmin (PSDB) e seu secretário
Rodrigo Garcia (DEM), acusado de receber propina

Com o desmembramento, as investigações sobre essas e outras acusações do propinoduto devem avançar. A decisão do STF foi elogiada por promotores e procuradores paulistas. Com ela, a força-tarefa que apurou o caso desde o início e chegou aos indiciados será retomada. “Se o inquérito inteiro ficasse em Brasília, o ritmo das investigações seria outro. Corria-se o risco até da prescrição de crimes, como o de cartel”, explica um dos responsáveis pela apuração. “Enfim, podemos voltar a realizar oitivas, diligências. Há muito ainda a se investigar e novos envolvidos devem aparecer.” A decisão de repartir o caso, no entanto, levanta polêmica. No mensalão, o próprio Supremo decidiu justamente o contrário. Negou aos acusados sem foro privilegiado, como os petistas José Dirceu e Delúbio Soares, o direito de serem julgados por instâncias de primeiro e segundo grau.

Cúpula
Três secretários do governo paulista foram acusados
por executivo de receberem suborno da máfia do Metrô


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