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EM SALA
Acima, a professora Márcia da Silva: “O latim está
muito presente no dia a dia.” Abaixo, turma da Uerj

Toda quarta-feira, às 19h30, começa uma curiosa aula da turma do sexto período de letras português-latim da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Em sala, dez alunos na faixa dos 20 anos repetem em uníssono um parágrafo escrito na lousa: “Canis per fluvium carnem ferens”. Isso significa: o cão leva a carne pelo rio. Parece que estão falando latim, e estão mesmo. A língua, que é considerada morta por muitos desde o século V d.C., quando caiu o Império Romano, está vivíssima. “O latim é muito rico e com uma estrutura extremamente lógica. A gente não percebe, mas ele está muito presente no dia a dia. É berço do direito, da medicina, da biologia e da química, além de ter relação estreita com o português”, afirma Márcia da Silva, chefe do departamento de letras clássicas e orientais da Uerj.

Há quem associe o idioma à Igreja Católica. “Muitos despertam o interesse pelo contato com a igreja, mesmo que não sejam religiosos”, diz Beethoven Alvarez, vice-coordenador do curso de letras da Universidade Federal Fluminense (UFF). A língua, que começou a perder força entre os católicos desde o Concílio Vaticano II (1962-65), que aboliu o latim de suas missas, voltou a ganhar importância, em novembro de 2012, com a criação da Pontifícia Academia de Latinidade pelo papa.

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O idioma consegue sobreviver até na web. “Os finlandeses possuem uma rádio pela internet que dá notícias em latim há anos”, diz Alvarez. Em São Paulo, o professor Rafael Falcón dá aulas do idioma, pessoalmente ou via Skype, e costuma citar um famoso estudante da língua para estimular seus alunos. “O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, é latinista, um amante da poesia do romano Públio Virgílio (70 a.C. –19 a.C.)”, diz. Talvez esteja na hora de gastar o seu latim.

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