Apoiados pelo Irã, os rebeldes huthis do Iêmen fizeram uma demonstração de força nesta quinta-feira (21), no terceiro aniversário da conquista de Sanaa, capital do país.

Milhares de manifestantes se reuniram na grande praça Sabyin, centro da cidade, em meio a grandes medidas de segurança, ao mesmo tempo em que os aviões da coalizão sob comando saudita sobrevoavam a cidade.

Muitas pessoas exibiam bandeiras do Iêmen, e um coral masculino cantou músicas militares.

“Desta praça sagrada libertaremos todo Iêmen”, disse à multidão Abdelaziz ben Habtoor, o líder do governo rebelde de “salvação nacional”, que denunciou a ocupação de algumas províncias do país por parte da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

Em 21 de setembro de 2014, os huthis, que integram a minoria zaidita (um braço do xiismo), tomaram Sanaa com o apoio das forças então leais ao ex-presidente Ali Abdallah Saleh, expulso do poder em 2012.

Os rebeldes obrigaram o governo oficial a buscar refúgio no sul, e as autoridades foram salvas graças à intervenção militar, a partir de março de 2015, de uma coalizão militar árabe liderada pela Arábia Saudita.

Desde então, os combates prosseguem em um país dividido entre dois grupos. Os rebeldes huthis e os partidários de Saleh controlam o norte, enquanto as forças pró-governo estão agrupadas no sul.

Três anos depois, os huthis mantêm o desafio à coalizão, que enviou forças especiais, sobretudo, ao sul do país.

Em 14 de setembro passado, o jovem líder rebelde Abdel Malek Al Houthi, de 38 anos, ameaçou lançar mísseis contra os Emirados e atacar pelo mar as instalações petroleiras sauditas, em resposta aos “sinais de uma nova escalada militar” contra seus partidários.

Os rebeldes disparam com frequência mísseis contra a Arábia Saudita.

A guerra, que deixou mais de 8.500 mortos e 49.000 feridos desde março de 2015, provocou “a pior crise humanitária do planeta”, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Há algumas semanas, foram registrados momentos de tensão entre os huthis e o ex-presidente Saleh, os quais, apesar da aliança no campo rebelde, têm muitas divergências ideológicas.

Os huthis, que têm pontos em comum com o movimento xiita libanês Hezbollah, chamaram Saleh, um nacionalista árabe, de “traidor” por ter classificado os insurgentes de “milicianos”.

De modo privado, auxiliares do ex-presidente criticam a gestão dos huthis, que não pagam na data os salários dos funcionários públicos, nem dos militares que lutam contra as forças pró-governo.