O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, declarou nesta terça-feira em Barcelona que a má aplicação do plano de realocação de 160.000 refugiados na União Europeia “tem sido uma decepção”.

“Foi uma decepção a nível continental. Apenas alguns países da Europa – Grécia e Itália que estão na fronteira – e a Alemanha, Suécia e Áustria (…) assumiram a maior parte da responsabilidade”, disse Grandi na apresentação de uma campanha para os refugiados com o FC Barcelona.

“Se a Europa, uma união de países ricos, não é capaz de compartilhar a responsabilidade (…), como podemos pedir ao resto do mundo que acolham refugiados?”, acrescentou, observando que dos 65 milhões de refugiados e deslocados mundo, quase 90% estão em países pobres.

Este programa foi aprovado em 2015, no auge da crise migratória na Europa e previa a realocação ao longo dos dois anos seguintes de 160.000 refugiados da Grécia e da Itália para outros países da União Europeia.

“Está prestes a terminar e menos de 20.000 foram realocados. Minha mensagem é para todos os países europeus: vocês têm mais dois meses para completar o programa”, disse ele.

Está previsto que na quarta-feira a Comissão Europeia adote medidas sobre o assunto e anuncie sanções contra três dos seus membros – Polônia, Hungria e República Checa – que não acolheram nenhum refugiado no ano passado.

“Seria muito melhor que a decisão fosse implementada voluntariamente pelos governos”, afirmou Grandi, que espera que a situação melhore uma vez passado o ciclo eleitoral em muitos países europeus ameaçados pela ascensão da extrema direita como Holanda, França ou Alemanha.